Encerramento temporário dos centros de dia levou as instituições a alargar serviços de alimentação, higiene e medicação no domicílio

Em todo o país, os lares de idosos estão fechados ao exterior – limitando visitas e entrada de pessoas externas - para conter a propagação do novo coronavírus e salvaguardar um dos grupos mais vulneráveis ao contágio, cumprindo as orientações da Direção Geral da Saúde e Instituto da Segurança Social. Nos centros de dia, o encerramento temporário que impede a deslocação dos mais velhos a esta resposta social levou as instituições a alargar serviços de alimentação, higiene e medicação, no domicílio, com a colaboração da equipa de SAD e outros profissionais.

Na área da Grande Lisboa, a Misericórdia da Amadora está a assegurar a confeção e entrega de 290 refeições diárias ao domicílio, num concelho densamente povoado e envelhecido. Ao VM, o diretor geral Manuel Girão adiantou que a instituição está a assegurar a alimentação de 100 utentes dos centros de dia, encerrados temporariamente, além dos 190 utentes de SAD, que apoia todos os meses. Preocupados com o contágio, alguns utentes pedem apenas os “serviços indispensáveis”, como “ir ao supermercado, farmácia e levar refeições”. Para assegurar este apoio adicional, contam com a colaboração dos profissionais das respostas sociais de infância (motoristas) e centros de dia, na distribuição e confeção das refeições.

Sensível ao momento que se vive, a Santa Casa vai ainda “dar resposta aos pedidos de pessoas da comunidade, que estão numa situação de fragilidade, e pretende atuar em todo o concelho, enquanto tiver capacidade. Se durar muito tempo, vamos ter situações muito delicadas”.

À semelhança de outras regiões do país, as Misericórdias do Algarve estão a assegurar os serviços de alimentação, higiene e medicação aos utentes dos centros de dia, que foram forçados a fechar portas. Em conversa com o VM, o presidente do Secretariado Regional de Faro da UMP e provedor da Misericórdia de Vila do Vispo, Armindo Vicente, destacou o empenho das equipas, que foram reorganizadas para garantir o acompanhamento diário dos idosos, numa “situação de recurso” que exige medidas excecionais. “Os próprios familiares estão mais disponíveis, o que faz com que as pessoas estejam mais acompanhadas”.

No distrito de Leiria, que registava apenas um caso de Covid-19 no dia 15 de março, várias Misericórdias divulgam junto dos familiares e comunidade as medidas implementadas, em conformidade com as recomendações das autoridades de saúde. Na Misericórdia do Louriçal, concelho de Pombal, a equipa de SAD continua a assegurar um apoio vital aos idosos que se encontram em casa, minimizando, sempre que possível, o contacto físico e munindo-se de equipamentos de proteção individual e desinfetantes. Neste período crítico, as visitas de SAD foram também alargadas aos utentes de centro de dia (20) e na estrutura residencial para idosos as rotinas foram adaptadas de modo a garantir a distância de segurança entre utentes.

Mais a norte, no distrito do Porto, as instituições estão a garantir serviços de higiene e refeições aos utentes sem retaguarda familiar, que frequentavam os centros de dia, como medida preventiva que visa limitar as entradas e saídas nos equipamentos sociais e minimizar contactos de transmissão direta e indireta. “Era importante que houvesse fluxo menor de entradas e saídas do lar por isso estamos a garantir alimentação direta no domicílio aos 20 utentes de centro de dia”, adiantou o administrador da Misericórdia de Felgueiras, Paulo Coelho, ao VM.

Na região do Alentejo, onde foram identificados os dois primeiros casos a 18 de março, a Misericórdia de Arraiolos está a pedir a colaboração de irmãos e comunidade em geral, caso a “rede de apoio, que assegura serviços imprescindíveis como o SAD, venha a sofrer uma rutura que nos impeça de prestar serviços mínimos aos utentes”, apelou o provedor Luís Marcolino Chinelo, numa nota publicada nas redes sociais.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas

Fotografia: Misericórdia de Mortágua