O Ministro da Saúde inaugurou o Centro de Investigação, Diagnóstico, Formação e Acompanhamento das Demências da Santa Casa de Riba d’Ave

A demência atingia 50 milhões de pessoas em 2020, estimando-se que este número possa triplicar até 2050, ocasião em que se presume que venham a existir 150 milhões de casos a nível mundial.

Os dados foram revelados, no passado dia 15 de janeiro, durante a cerimónia de inauguração do Centro de Investigação, Diagnóstico, Formação e Acompanhamento das Demências (CIDIFAD), da Santa Casa da Misericórdia de Riba d’Ave. Isabel Seixas, diretora clínica adjunta deste equipamento, indicava que Portugal ocupava, em 2021, o quarto lugar dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com maior prevalência de demência. “E a tendência é para aumentar”, revelou.

Os dados são assustadores, mas a Santa Casa de Riba d’Ave não se deixou intimidar. De forma unânime, todos os presentes na cerimónia classificaram a unidade, agora inaugurada, como “exemplar”, “extraordinária” ou mesmo “exemplo de altruísmo e humanismo”.

Fernando Guedes, provedor, mostrava-se um homem extremamente satisfeito. Na liderança de uma instituição que emprega, atualmente, 470 funcionários e cerca de 210 prestadores de serviços, Fernando Guedes garantiu que o CIDIFAD cumpre “os valores e a missão da Santa Casa, pois responde às necessidades das pessoas com demência e das suas famílias, desde o momento do diagnóstico até ao luto”.

“O esforço tem sido grande, mas estamos conscientes da necessidade de colocar todas as nossas energias no desenvolvimento de novas atitudes para os mais desfavorecidos, assim como projetar ações no sentido de criar oportunidades inovadoras para os jovens”, afirmou o provedor. “Estamos no bom caminho. Chegou a hora de nos preocuparmos com os direitos dos utentes e com os resultados obtidos com as nossas prestações”, concluiu.

D. Delfim Gomes, bispo auxiliar de Braga, falava de uma “nova misericórdia”. Tal como há 500 anos, também hoje, com equipamentos como o CIDIFAD, a Misericórdia “acolhe, dá abrigo e protege”. Para este responsável da igreja, “a pessoa deve estar sempre no centro das respostas necessárias. Cuidar, proteger e amparar a pessoa é o nosso caminho, desde que nasce até ao luto”, referiu.

Para o presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas, tal como o poema de Pessoa, este foi “um grande sonho”. Sendo a confirmação da capacidade realizadora das Misericórdias, Manuel de Lemos distinguiu o CIDIFAD como uma obra “formidável” e, aproveitando a presença de Manuel Pizarro, ministro da Saúde, deu conta da “completa disponibilidade” das Misericórdias em serem complementares do SNS. “Conte sempre com as Misericórdias”, afiançou.

Manuel Pizarro assumiu que o setor social e, em especial, as Misericórdias têm um papel de extrema importância no país. Perante um equipamento que classificou de “exemplo de altruísmo e de humanismo”, o ministro da Saúde referiu que a esperança média de vida aumentou, e que, em Portugal, o SNS conta com “3846 utentes com mais de 100 anos de idade”. “Envelhecer é uma coisa boa e respostas extraordinárias como esta da Santa Casa de Riba d’Ave permitem dar aos mais velhos aquilo que eles merecem da sociedade”, concretizou.

A cerimónia ficou marcada pela assinatura do protocolo para a unidade de longa duração, um acordo para 60 vagas para pessoas no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.

O CIDIFAD dispõe de 92 quartos individuais, distribuídos por três residências: uma unidade especificamente pensada para a disponibilização de cuidados paliativos, uma unidade de alojamento temporário para descanso do cuidador e uma unidade de alojamento familiar para acompanhamento da pessoa com demência ou para a formação de cuidadores. O equipamento contempla os mais diversos espaços terapêuticos, como salas de atividades, sala de musicoterapia, ginásios de fisioterapia, de terapia da fala e de terapia ocupacional, salas de sessão individual, sala de reminiscências, sala de snoezelen, jardim sensorial, entre outros, além de uma unidade de dia e de um serviço de apoio domiciliário.

Voz das Misericórdias, Vera Campos