José Artur Macedo divide o tempo entre a informática, sua profissão, e o interesse crescente pela arte da fotografia.

Era uma vez, todas as histórias começam por “era uma vez”, um coração dividido entre dois mundos: informática e fotografia. Esta é a história de José Artur Macedo, 51 anos e natural de Montargil.

José é responsável pela informática da Misericórdia de Mora, onde o dia a dia é bastante diversificado. “Além das tarefas de administração, dou apoio aos utilizadores, desenvolvo pequenas aplicações em Excel e Access sempre que necessário, desenvolvi e mantenho o site institucional e participo nas tarefas quando solicitam a minha colaboração”, explicou.  

“Pensar que trabalho numa instituição com tanta história, tantos anos e cuja missão é sempre ajudar o próximo tem para mim um grande significado”, referiu José que percorre quilómetros de sua casa em Ponte de Sor até ao local de trabalho em Mora.

Mesmo com metade do rosto escondido na máscara, que hoje em dia é um acessório indispensável, deu para perceber pelo seu olhar expressivo que a distância não é nada quando se faz o que se gosta.

“Embora sempre tenha gostado de fotografia, foi com o surgimento das redes sociais que comecei a tirar algumas fotografias com o telemóvel e a publicar. Nessa altura percebi que as fotos para terem algum impacto tinham de ter determinadas características e assim comecei a aprender”. Desde então José tem pesquisado, lido, falado com profissionais, observado trabalhos e concursos, sempre com vista a aperfeiçoar e compreender este mundo que eterniza o momento que passa.

O interesse e o gosto pela arte de fotografar tem vindo a revelar-se cada vez mais uma fórmula de sucesso e prova disso foi a publicação, em 2019, do seu livro “Compromisso”, que aborda o dia a dia da Misericórdia de Mora. 

O título não foi escolhido por acaso. “Compromisso” é também o documento que, há mais de 500 anos, regulamenta a organização, funções e atividades das Misericórdias e que tem acompanhado a evolução destas. Desenvolver e concluir este projeto foi também o compromisso que fiz com a instituição”, sublinhou José.

Um livro desejado e pensado ao pormenor. “Já há algum tempo que a ideia deste livro andava no meu pensamento e começou a ganhar forma a partir de uma conversa, em 2014 com o fotógrafo Hermano Noronha, sobre fotografia em geral e da vontade de passar de um modo de fotografar avulso e sem uma linha condutora para outro modo mais orientado e pensado”.

Com o incentivo e ajuda de Hermano, José deu um passo em frente, colocou na mesma linha a cabeça, os olhos, o coração e a emoção, apontou a máquina fotográfica e clique, um instante capturado para a eternidade. 

“Tento criar com estas imagens uma atmosfera que descole do seu lado local e nos transporte para o geral”, referiu José. “Embora nestas imagens apenas consigam caber pequenos fragmentos do dia a dia desta instituição, tentei utilizar uma linguagem consistente e expressiva que revele através destas a atmosfera envolvente”.

Mas os cliques não ficam por aqui, pois para além do livro, José tem realizado exposições que têm surgido de projetos da Misericórdia de Mora. “Para expor os trabalhos, temos na nossa unidade de cuidados continuados um espaço que adaptamos como galeria. Alguns deles já foram também expostos na galeria da Câmara Municipal da vila”.

Seja no local de trabalho ou fora, José anda sempre de máquina fotográfica. Ele anda, olha, segura, sente, foca e clica de modo a transmitir algo, emocionar e criar histórias na cabeça de quem vê as suas fotografias.

“Para mim fotografar é um meio de me expressar e eu tenho aproveitado as oportunidades, mas ainda existe um sonho ou dois. Neste momento há um convite para uma exposição em Montargil e uma ideia para um novo livro de fotografia sobre o bairro da Misericórdia de Mora”, revelou José.

Na estrada da vida existem várias direções e José escolheu seguir duas placas: uma indica informática, a outra aponta para fotografia. “Uma é profissão, outra é passatempo e gosto que seja assim, embora por vezes esta fronteira não fique clara e quase que se invertem os papéis”. Depois de uns segundos de silêncio, vincou: “de facto seria muito difícil optar por um”.

 

Quotidiano de amor à camisola

José Macedo reside em Ponte de Sor e trabalha em Mora, cerca de 50 km separam a cidade da vila alentejana. No total são cerca de 100 km que o responsável pela informática da Misericórdia de Mora faz diariamente. Um vai e vem constante, mas um caminho sinónimo de felicidade para José, pois todos os dias trabalha no que gosta numa instituição que lhe diz muito.  

Aventura que tem dado frutos

Apesar da formação e ligação à informática, José Macedo sempre teve o “bichinho” dos cliques, mas só em 2008/2009 decidiu entrar no mundo da fotografia, investindo mais seriamente na área. A partir dessa altura iniciou uma nova aventura que tem dado frutos, exemplo disso foi o lançamento, em 2019, do seu primeiro livro de fotografia editado pela Misericórdia de Mora.

Fotografia, Autorretrato por José Artur Macedo

Voz das Misericórdias, Ana Machado