É partindo desse pressuposto que surge a ideia de criar uma curta-metragem, à qual foi dada o título de “Pisão e o fio vermelho”, realizada por um grupo de jovens no âmbito do projeto Crato por tudo 4G CLDS, que tem como entidades promotoras a Misericórdia do Crato e o município.
Este projeto cinematográfico mostra vários locais emblemáticos do Pisão que fazem parte do imaginário desta comunidade, numa viagem pelos cantos e recantos da aldeia, guiada pela criatividade dos mais novos e que dá vida a uma história que mistura realidade, através de imagens e testemunhos reais, e ficção.
A história foi desenvolvida no âmbito da atividade denominada “Bootcamp do Crato para o Futuro”, que contou com a colaboração de uma equipa especializada nesta área e integralmente elaborada, produzida e gravada por um grupo de 16 crianças e jovens, com idades compreendidas entre os 10 e 14 anos, residentes no concelho.
A curta-metragem inclui testemunhos da população sobre o sentimento relativamente a esta aldeia onde têm as suas raízes e sobre a barragem que vai fazer desaparecer a povoação e, numa vertente mais ficcional, acompanha um grupo de jovens que partem à procura do avô de um deles, percorrendo as ruas do Pisão e deixando nos locais mais emblemáticos um fio vermelho com uma rolha na ponta para que, quando ali só houver água, saibam onde está cada local.
Andreia Maurício, técnica do projeto Crato por tudo 4G CLDS, explica que objetivo desta atividade foi “envolver as crianças e jovens em algo com que se identificassem, por isso escolhemos o cinema, e que, ao mesmo tempo, os fizesse estar despertos para uma realidade que é importante para o seu concelho”, esclarece, justificando a escolha deste tema pelo seu impacto na comunidade do concelho do Crato.
Convicta de que foi uma atividade “muito bem-sucedida”, com a qual “pretendemos, inclusive, perpetuar gentes e locais emblemáticos do concelho, ao mesmo tempo que demos às nossas crianças e jovens ferramentas e conhecimentos que lhes possam ser úteis no futuro”, Andreia Maurício não tem dúvidas de que resultou “num registo documental importante para o futuro”, que foi acarinhada pelas pessoas do Pisão que fizeram questão de participar e ajudar os pequenos realizadores na criação desta obra.
Foram três dias de intenso trabalho e durante a realização do bootcamp foi notório o “empenho, dedicação e sentido de responsabilidade” de todos os participantes, evidenciando-se, como destaca Andreia Maurício, “o verdadeiro espírito de equipa''.
“Esta foi uma experiência muito interessante e útil para os participantes ao nível da sua conduta pessoal de cidadania, porque destacou-se a forma responsável como souberam trabalhar em equipa. Para se fazer um filme é fundamental que cada desempenhe o seu papel”, constata, afirmando que o mérito do resultado é “todo deles, que se empenharam bastante, souberam trabalhar em equipa e sempre muito concentrados”.
O resultado final das filmagens foi apresentado publicamente precisamente no local que inspirou esta curta-metragem, sendo esta partilha, também, uma forma de perpetuar a memória coletiva desta localidade. A população, mais uma vez, aderiu e o muito público presente foi representativo da curiosidade e do interesse que a atividade gerou na comunidade.
“A reação das pessoas foi muito positiva, tivemos muitas pessoas a assistir e o que ouvimos é que foi uma forma muito bonita de celebrarmos o Pisão, a sua história, as suas gentes e todos os locais que vão ficar submersos. Percebemos que as pessoas se sentiram homenageadas”, constata a técnica. Foram várias horas de trabalho que se resumiram em apenas alguns minutos, mas para quem teve oportunidade de assistir “valeu a pena cada segundo”, garante.
Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão