A Misericórdia da Azaruja inaugurou as obras de ampliação da estrutura residencial para idosos, a 18 de setembro, numa cerimónia pequena, mas simbólica, onde se lembrou o papel dos colaboradores, o compromisso com os cidadãos e a “imprescindibilidade da cooperação” com as entidades locais. Numa conjuntura marcada pela epidemia de Covid-19, o encontro permitiu reforçar as relações de parceria e proximidade, homenagear as equipas no terreno e mostrar que a vida continua além do vírus.

O projeto de alargamento, cofinanciado pelo Portugal 2020, permitiu adicionar 16 vagas às 28 existentes, numa estrutura contígua ao edifício principal, em redor de um pátio onde, nas noites de verão, será possível reproduzir um hábito muito comum nas terras alentejanas: sentar na soleira das portas, ou num banco confortável, para conversar “ao fresco”.

“Este é um grande salto para a nossa pequena Misericórdia, em termos de qualidade de vida dos utentes, e vai dar-nos margem de manobra para reservar quartos para isolamento, caso seja necessário. Além disso, vai permitir-nos dar resposta a uma lista de espera tremenda, criar novos postos de trabalho e melhorar a estabilidade financeira para cumprir a nossa missão”, congratulou-se o provedor, Luís Eduardo Martins, à margem da cerimónia.

O apoio de fundos comunitários, no valor de 629 mil euros, foi determinante para concretizar a ampliação da estrutura residencial e a este propósito o presidente da CDDR do Alentejo, Roberto Grilo, valorizou a alocução deste apoio financeiro “ao serviço de uma instituição e propósito nobre que gera emprego e melhora a vida das pessoas”.

Em representação do presidente da União das Misericórdias Portuguesas, o provedor da congénere do Vimieiro, Aurelino Ramalho, felicitou a instituição pela ampliação da “casa” que se lembra de ver nascer, em 1987, e lembrou que as “Misericórdias não se veem pelo seu tamanho, mas pelo seu coração e por aquilo que fazem. Esta é a prova evidente que uma Misericórdia com relativamente poucos anos consegue fazer uma obra para bem das pessoas, com o apoio das entidades”.

O momento foi de diálogo, mas também de reflexão e por isso, na sua alocução, o diretor do Centro Distrital da Segurança Social de Évora, José Ramalho, convidou os presentes a repensar o “papel das respostas sociais” e a “cooperação do Estado” com o setor, que considera ser necessário “rever” para resolver um problema estrutural destas casas: recursos humanos. “A verdadeira primeira linha está nos lares e são estes heróis e heroínas que impedem que mais doentes cheguem aos hospitais. Não há casas boas sem bons trabalhadores”, reconheceu.

Mantendo o foco nos trabalhadores, o arcebispo de Évora manifestou, numa mensagem dirigida ao poder central, a sua preocupação com as condições de trabalho e remuneração das equipas no terreno. “O momento que vivemos exige especial atenção aos funcionários destas instituições que, além de profissionais, são voluntários do sorriso, do carinho, da ternura, do amor à camisola, mas também da remuneração. É preciso que este problema seja atendido. O que aí vem poderá, em muitas situações, gerar ruturas”, apelou D. Francisco Senra Coelho.

Antes de presidir à bênção das novas instalações, o prelado da arquidiocese de Évora louvou a Misericórdia pela “coragem, disponibilidade e cooperação” demonstrada na concretização de uma obra que impede “que os nossos idosos emigrem para longe de casa, onde não conhecem ninguém” em busca de uma vaga numa estrutura residencial.

Na semana após a inauguração, os primeiros idosos chegaram à sua nova “casa”, após avaliação médica e testes negativos ao Covid-19, permanecendo em quartos individuais e sem interação com os outros residentes da ERPI, no período inicial.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas