A Misericórdia de Borba foi anfitriã de um festival de teatro sénior que reuniu cerca de 200 pessoas no pavilhão multiusos .

A universidade sénior da Misericórdia de Borba, em parceria com a Rede de Universidades Seniores (RUTIS), organizou no dia 18 de abril, um festival de teatro, no pavilhão multiusos Caetano Gazimba da sua aldeia social. Há alguns anos, esta parceria levou até Borba um festival de grupos musicais seniores. Já de teatro, é a primeira vez que sobe a palco na vila alentejana. 

“Estamos sempre disponíveis para receber este tipo de iniciativas ou de outros géneros. Com estes eventos nós pretendemos que os nossos idosos estejam sempre ocupados e alegres. Mas acima de tudo, queremos que eles se sintam vivos e integrados, tanto na nossa vida como na aldeia social”, referiu Carlos Lameira, da mesa administrativa da Misericórdia de Borba.

Para além do conjunto da casa, estiveram presentes, os grupos de teatro das universidades seniores de Ferreira do Zêzere, Pombal, Sines e Vendas Novas. Das cinco, só a de Borba pertence a uma Santa Casa. “No total das 326 universidades seniores, 15 são coordenadas e organizadas pelas Misericórdias”, sublinhou Luís Jacob, presidente da RUTIS. 

O convívio entre os cinco grupos, começou bem cedo com uma visita guiada à adega cooperativa de Borba e posteriormente com um almoço na aldeia social, onde a partilha foi o “prato” principal.

“Estes eventos são sempre importantes pois promovem o intercâmbio e a confraternização entre as pessoas e dão também a oportunidade de conhecerem outras terras e outros costumes”, afirmou Maria Broncas, coordenadora do grupo de teatro sénior de Sines.  

Da mesa passaram para o palco do pavilhão multiusos e à medida que a hora se aproximava, as cadeiras iam ficando compostas e os nervos aumentavam junto daqueles que iam representar. 

“O receio de errar é grande. Para eles é uma grande responsabilidade porque dão muita importância ao desempenho que têm”, realçou Vera Ribeiro, diretora da Associação de Melhoramento e Bem-estar Social de Pias, entidade promotora da universidade sénior de Ferreira do Zêzere.  

Já com todos os lugares ocupados, as luzes apagaram, as cortinas abriram, as personagens começaram a surgir e o aplauso do público fez-se ouvir pela primeira vez. 

Cada grupo levou uma peça e o primeiro a entrar em cena foi o conjunto da casa com “Inesperadamente Romeu e Julieta”. A tragédia que marca a história transformou-se num momento divertido que arrancou gargalhadas a quem estava a assistir. “É tão bom sentir que as pessoas gostam do que fazemos. Nós estamos a ficar mais velhos e estas coisas fazem-nos viver melhor”, sublinhou Helena Silveira, do grupo de teatro de Borba.

Já Ferreira do Zêzere, levou até à vila alentejana uma sala de aula um pouco atribulada com a “Lição do Tonecas sem Tonecas”. De mochilas às costas e livros nas mãos, professora e alunos deixaram apontamentos divertidos a todos os que assistiam. “Gosto muito de participar nestas atividades, é muito gratificante. E depois é interessante ver até onde podemos ir com estas idades. Já não temos vinte anos, mas sim a soma de muitos vintes”, salientou Maria Emília, do grupo de teatro Ferreira do Zêzere. 

 Quanto ao grupo de teatro da universidade sénior de Pombal, levou a palco a peça “A que horas passará o autocarro?”, adaptação de Luís Gonçalves. Uma interrogação que teve como resposta muitos sorrisos e aplausos por parte do público. Rita Leitão, encenadora do grupo, salientou que “é muito bom levar o nosso trabalho a outros lados e eles sentem-se importantes e valorizados”. 

As cortinas vermelhas fechavam e quando abriam, os cenários eram outros. Desta vez, a viagem foi até à floresta. O grupo de teatro sénior de Sines apresentou uma adaptação da Branca de Neve dos irmãos Grimm. Nesta peça, o espelho mágico falava e a maçã até estava enfeitiçada, contudo, era o colorido dos fatos das personagens que refletia luz e atraia os olhos dos que foram até ao festival. 

O último grupo a entrar em cena foi o de Vendas Novas que apresentou “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”, uma adaptação do livro de Luís Sepúlveda. 

Antes da cortina fechar, a tarde de teatro terminou com todos os grupos a serem presenteados com lembranças e aplausos. 

Histórias e atores diferentes levaram cerca de 200 pessoas ao pavilhão multiusos Caetano Gazimba. Para Manuela Lagoa, coordenadora da área da família e da comunidade na Santa Casa de Borba, este tipo de atividade faz todo sentido porque “o afeto e a proximidade são chaves muito importantes para a nossa Misericórdia”. 

Voz das Miseriórdias, Ana Machado