No que respeita ao envelhecimento, as políticas públicas portuguesas têm estado focadas na quantidade de equipamentos e respostas, com vista a cumprir metas de cobertura nacional, assegurando uma qualidade mínima que está regulada pelos normativos. Para Paulo Macedo, ex-ministro da Saúde e presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o maior desafio já não é quantitativo, mas sim a qualidade de vida dos idosos.

No sentido de promover melhorias nas políticas públicas, Paulo Macedo deixou algumas sugestões ao longo da sua intervenção em Pombal. A primeira foi a coordenação entre saúde e segurança social. “Não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar sinergias e conhecimentos” para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar desta faixa etária da população.

Uma maior coordenação europeia também foi citada. Depois da experiência, em contexto de pandemia, para compra de vacinas pelos países da União Europeia, Paulo Macedo considera que faz sentido haver esforços concertados para aquisição de produtos e serviços destinados a apoiar os idosos.  Para o ex-ministro, mesmo que haja “instrumentos” distintos, importa “encontrar convergência nos objetivos gerais dos sistemas de saúde”.

Considerando que o pivô do sistema possa ser o apoio domiciliário, Paulo Macedo referiu também que vai continuar a ser necessário fazer investimentos em estruturas residenciais. “Há investimentos que têm de ter retorno em euros, outros que se refletem no bem-estar das populações”, disse, destacando que o aumento previsto no PRR “é positivo, mas claramente insuficiente”.

Esta necessidade de mais investimento vai acarretar, segundo Paulo Macedo, um ambiente regulatório mais forte, onde a transparência será um valor cada vez mais necessário. Neste quadro, “foi muito importante a informação disponibilizada pela UMP sobre o grau de infeção nas Misericórdias”, disse.

Por isso, o presidente da CGD concluiu afirmando que é determinante quantificar o investimento necessário para melhorar as respostas à terceira idade. “Estamos todos de acordo em relação à qualidade dos serviços e direitos dos idosos, mas temos de ter discussões mais claras, em que não falemos só sobre financiamento, mas quais são as necessidades em termos de investimento e assim dar opção à sociedade.”

Voz das Misericórdias, Bethania Pagin