Lar. Apesar de a solução “envelhecer em casa” ter sido a mais comum, durante muito tempo, a expressão ‘ageing in place’ ganhou relevância nos últimos vinte anos, num contexto de envelhecimento populacional dos países ocidentais. Assumindo como “natural” este desejo de permanecer em casa, o investigador da Universidade Católica do Porto (UCP) e autor do guia ‘Ageing in Place: Boas Práticas em Portugal’, admite que “esta nem sempre é a melhor solução”. Os motivos são vários: “as capacidades individuais podem já não o permitir e a casa onde se vive pode não reunir as condições adequadas para uma vida confortável ou digna”.

Segundo António Fonseca, este conceito tem servido de suporte à adoção de políticas públicas relativas à habitação e cuidados domiciliários, “enfatizando os benefícios desta solução para a qualidade de vida ao impedir a disrupção causada pela institucionalização”. Contudo, admite que o conceito tem limitações e que também as estruturas residenciais podem ser entendidas como uma concretização do ‘ageing in place’, sendo por isso “importante não estigmatizar a institucionalização”. Ou seja, mais do que a dicotomia casa-instituição, “interessa que as pessoas possam envelhecer num contexto que reconheçam como um lar, de preferência inserido numa comunidade que sintam como sua”.

E para que isso aconteça nas estruturas residenciais, deixa algumas recomendações: menor número de residentes, preservação da privacidade e boas práticas de estimulo à autonomia. Mas a que considera mais diferenciadora “prende-se com o isolamento das pessoas no seu interior, levando-as ao afastamento da comunidade e à perda de convívio social com agentes externos à instituição”.

Em relação ao género, verificam-se discrepâncias ao nível da esperança de vida e estado de saúde ao longo da vida, sendo que “os indicadores da doença e fragilidade mostram que as mulheres vivem mais tempo, mas em pior estado de saúde”. Se, por um lado, “os homens são fisicamente mais fortes”, por outro registam “maior mortalidade em todas as idades em comparação com as mulheres”.

Ana Cargaleiro de Freitas, Voz das Misericórdias