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- Envelhecer no feminino | Lidam pior com o espelho e a fotografia
Na visita aos lares, nota que a relação das mulheres com o corpo e a imagem também difere dos homens. “Lidam pior com o espelho e com fotografia. Queixam-se mais e têm complexos com as rugas. Envelhecer não é uma coisa que as anime propriamente”.
Durante os preparativos que antecedem as sessões, assiste a uma “transformação” diante do espelho. Na generalidade das retratadas, os cuidados de beleza já não fazem parte das rotinas diárias, embora, na sua opinião, sejam “tão importantes como a comida e roupa lavada”.
A fotografia, enquanto testemunho da passagem do tempo, permite um confronto com a identidade, num tempo que nem sempre reconhecem como seu. “Algumas pessoas olham-se pela primeira vez e percebem que têm rugas, mas há também quem goste do que vê e se sinta bonita”. Um episódio que a marcou, a este nível, foi o de uma pessoa com demência que “olhou para a sua imagem e viu a avó porque estava mais velha do que na ideia dela”.
Para Sandra Ventura, todas as fases da vida merecem ser registadas. “Não é toda a gente que tem o privilégio de chegar à velhice e, portanto, temos de fotografar, seja com rugas ou cabelos brancos”. Mas deixa um alerta: “Não vou com a ideia de fazer a última fotografa para a campa, mas sim de emoldurar para colocar no móvel de casa. Já pensou na quantidade de fotografias de velhos que estão em molduras?”. Certamente inferiores às das crianças, cujas fotografias todos compram, quando faz as mesmas sessões nos jardins de infância. “Porque as pessoas não ligam aos velhos, a velhice é chata”, lamenta.