Mais de 600 convivas participaram, no passado dia 28 de setembro, no VI Festival da Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia de Pernes. Para esta sexta edição da iniciativa, a organização escolheu como tema “Saberes, Sabores e Tradições”.

A Quinta da Tufeira juntou, assim, seniores de cerca de 15 instituições do concelho de Santarém e de várias Misericórdias do distrito, assinalando a comemoração do Dia do Idoso, “desta vez com um conceito diferente, desconstruindo a ideia de que os festivais se destinam apenas à população mais nova”, afirmou ao nosso jornal Maria Alice Rodrigues, diretora técnica daquela instituição.

Segundo salientou, este é o sexto Festival da Terceira Idade organizado pela Misericórdia de Pernes que, todos os anos, tem vindo a ser melhorado, “com mais novidades, aproximando-se, cada vez, dos moldes de um festival de Verão”.
“Esta ideia de que os festivais e algumas atividades são apenas para pessoas mais novas deve ser desconstruída, tudo o que existe deve ser tanto para novos como para os menos novos”, defendeu. 

Da imensa panóplia de atividades deste ano, destaque para tatuagens, pinturas faciais, um “palco imaginário”, para quem quisesse cantar ou dar “largas à imaginação”. Pelo recinto, circulou um “comboio turístico, que fez as delícias dos participantes”.

Para este festival, foram convidadas mais de 15 instituições do distrito que, para além de utentes, funcionários e administração, trouxeram consigo “as tradições e os sabores de cada uma das zonas de onde são oriundas”, disse a responsável. 

Os participantes vestiram-se com “trajes de antigamente”, num convite à “criatividade” das instituições para que “a modernidade conviva com a tradição”, contando o programa com “danças, cantares e iguarias gastronómicas da região”, assim como com “momentos musicais, próprios de um festival”.

“Esta festa teve o objetivo de promover o convívio entre idosos, reavivando tradições e fomentando o contacto com a natureza”, segundo referiu o provedor da Misericórdia de Pernes. 

Para Maia Frazão, estas iniciativas “são vitais” para os utentes das instituições que, assim, “têm um momento de partilha e fazem perdurar as suas memórias”.

“Somos uma Misericórdia aberta, virada para o desenvolvimento. Vivem-se tempos muito difíceis, mas somos um ponto de referência para todos. Seja em que situação for da sua vida, estamos dispostos para acolher quem precisar e as pessoas sentem isso”, disse o provedor.

Nesse sentido, e à margem deste festival, foi firmado um protocolo com o Centro Regional de Segurança Social de Lisboa e Vale do Tejo para serem criadas no distrito mais de 450 vagas nas Misericórdias para pessoas carenciadas.

Maia Frazão classifica este protocolo de “histórico”, uma vez que era uma pretensão com mais de 20 anos. “Temos agora mais condições para podermos acudir em situações de emergência sem comprometermos a sustentabilidade das instituições”, referiu. 

“As Misericórdias, assim como os seus dirigentes e colaboradores, são procurados muitas vezes como um ombro para acudir a situações de fragilidade. Depois, há todo um fenómeno galopante de pobreza envergonhada que atinge muita gente que, apesar de ter património, não tem rendimentos”, referiu.

“A Santa Casa da Misericórdia de Pernes, com mais de quatro séculos de existência ao serviço dos pobres e desvalidos, perdura, numa corrente de solidariedade humana que se perpetua através da concretização das obras de misericórdia e da valorização da própria terra”, concluiu.

Atualmente, a Misericórdia de Pernes dá apoio a mais de 300 famílias, nos diversos contextos relacionados com as diferentes respostas sociais em que presta serviço. Para além disso, emprega cerca de 60 pessoas, sendo a maior entidade empregadora da freguesia.

Voz das Misericórdias, Filipe Mendes