O Clube de Filatelia Misericórdia de Vale de Cambra é orientado por um voluntário e são as mulheres que mais participam

Na Misericórdia de Vale de Cambra as tardes de sexta-feira são dedicadas ao estudo e ao colecionismo de selos postais. A funcionar desde outubro de 2017, o Clube de Filatelia da instituição é orientado por um voluntário e são as mulheres que mais participam nesta atividade. 

“A filatelia primeiro estranha-se e depois entranha-se”. Foram essas as primeiras palavras que Ana Margarida Almeida, animadora sociocultural da Misericórdia e responsável pelo clube, disse ao VM. 

Tal como os utentes, Ana Margarida teve o primeiro contacto com a filatelia na instituição, “por sugestão do provedor, que há muitos anos queria formar um clube deste género na Santa Casa. Eu aceitei o desafio”.

Segundo a técnica “não foi fácil convencer os utentes a participar nesta atividade, pois são pessoas muito ligadas ao mundo rural, com poucos hábitos culturais e isto não lhes diz nada”. Mas, mesmo assim a ideia foi em frente. Primeiro juntou-se um grupo de potenciais interessados, 15 no total, que assistiram a uma explicação sobre a filatelia e apreciaram a coleção de selos do voluntário José Ribeiro Nogueira. “Os utentes ficaram fascinados pelo professor Nogueira e quiseram continuar”.

Na medida em que as sessões foram avançando alguns utentes foram desistindo. “Começamos com 15, passamos para 10 e agora são só cinco, todas mulheres”, refere Ana Margarida, mas nem por isso o grupo termina. 

Todas as sextas-feiras José Ribeiro Nogueira partilha com os membros do clube o que sabe sobre o colecionismo de selos. “Ele já nos ensinou a história postal, as técnicas de lavagem e colagem, a ler os selos, tudo. E incentivou-nos a criarmos a nossa própria coleção. Estamos a fazer a de selos de Portugal, que vai desde 1853 até aos dias de hoje”, referiu a animadora sociocultural. 

Mas engane-se quem pensa que só à sexta-feira é que estas mulheres pensam nos selos. Segundo a animadora sociocultural, elas gostam tanto desta atividade “que até durante a semana trabalham nela. Fazem a relação dos selos, verificam os que ainda faltam e depois enviamos ao professor Nogueira para ele trazer na sessão seguinte”. “Eu só já tenho um papel de assistente, elas já fazem tudo sozinhas. E são muito protetoras com o trabalho delas por vezes dizem-me ‘Oh Ana, guarda os selos que são valiosos’”. 

Segundo Ana Margarida, “esta é uma atividade muito interessante, mas muito precisa e delicada, o que também estimula a parte cognitiva das nossas utentes e a motricidade fina”.

Se no início todos estranharam o Clube de Filatelia agora renderam-se e muitos são os que contribuem com selos. “O primeiro álbum de selos foi o professor Nogueira que o ofereceu, cujo primeiro selo data de 1853, de Dona Maria II, mas atualmente toda a gente nos oferece selos, desde os familiares, mesários, ao próprio provedor. A comunidade começa a estar envolvida”, concluiu a animadora sociocultural. 

Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves