O grupo “Kuduristas da Caparica” leva dança e sorrisos aos utentes da Misericórdia de Almada que estão em confinamento

Os “Kuduristas da Caparica” levam dança e sorrisos aos utentes da Misericórdia de Almada em confinamento, apoiados pelo Centro Social da Trafaria, no âmbito do projeto “Não estamos sós”. São jovens voluntários, entre os 24 e os 34 anos, dançam kuduro e afrohouse e estão unidos pela vontade de mudar o mundo e conquistar os corações dos “vovós” da Trafaria.

Diana Ramos, Gonçalo Silvestre, Joana Paula, Miguel Graça e Rafaela Schneider são conhecidos por “Kuduristas da Caparica”, nas redes sociais, onde se tornaram virais pelas suas coreografias ritmadas e pela sua ambição desmedida em “espalhar magia e mudar a vida de muita gente”.

Todas as semanas, às segundas, quartas e sextas-feiras, surpreendem oito idosos com serenatas à janela, acompanhadas de conversas e momentos de afetos e boa disposição. As visitas são organizadas em escalas e previamente agendadas com os seniores de várias freguesias da Caparica, onde se incluem, até ao momento, Maria dos Anjos, Clarisse, Maria Domingues, Azira, Libânia, Vicência Manuel e Carlos, conhecido por “Capitão”.

De livre acesso, o espetáculo conta, em muitos dias, com espetadores da vizinhança, que assistem das suas janelas e varandas. Mas o objetivo, garantem, é não atrair aglomerados de pessoas que comprometam a segurança de todos. Por isso, além da autorização das autoridades policiais, dinamizam atuações de curta duração, com máscara e distância física entre dançarinos e utentes. Fazem-se também acompanhar de uma coluna de música e de um repórter (Gonçalo Silvestre) que regista o momento para os cibernautas.

O que mais motiva estes jovens, contam-nos, é o “contacto de proximidade e o propósito de fazer a diferença na comunidade” (Rafaela), a “vontade de criar impacto a partir de uma rede local” (Diana), “manter a ligação com as vovós” (Gonçalo) e “colaborar envolver, trabalhar em parceria, com um propósito verdadeiro e autêntico” (Joana). Miguel Graça, professor, bailarino e coreógrafo, resume o impacto da experiência revelando que “as visitas acabam por ser uma terapia para eles por ajudarem a curar as dores físicas e as dores de alma”.

As parcerias fazem parte da identidade do Centro Social da Trafaria, como nos adianta a diretora técnica Sofia Valério. “O segredo é termos confiança nestas viagens que as parcerias nos propõem. As instituições, por vezes, caem no erro de achar que devem fazer tudo sozinhas, mas trabalhar nesta área da intervenção social é, também, improvisar e estar aberto a parcerias. A inovação é feita assim, com alma e verdade, pelas pessoas certas”.

E esta parceria não é de agora. Iniciou com as lições gastronómicas aos turistas, no âmbito de uma colaboração com a empresa de turismo social “Varina” (gerida por Joana Paula), e estendeu-se às visitas à janela, no primeiro (março a maio de 2020) e segundo confinamento (janeiro e fevereiro de 2021).

O objetivo do grupo “Kuduristas da Caparica” a curto prazo (3 meses) é desenvolver um projeto piloto no concelho de Almada, com potencial de disseminação noutros locais do país que permita criar uma rede de parceiros a nível nacional (voluntários, escolas de dança e entidades como Misericórdias). Para o efeito, decorre até ao fim de fevereiro uma campanha de angariação de fundos na plataforma https://ppl.pt/causas/kuduro.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas