Com um investimento superior a um milhão de euros, a Santa Casa da Misericórdia de Alpalhão inaugurou no dia 29 de outubro as obras de ampliação e remodelação da estrutura residencial para idosos (ERPI) de Nossa Senhora da Redonda, que permitiu à instituição aumentar a sua capacidade para acolher 39 utentes, o que representa mais 16 camas nesta valência, com um reforço de, pelo menos, mais quatro postos de trabalho.

E porque este foi um momento especial para a instituição, que dias antes comemorou também os 36 anos da inauguração do centro de dia e os 25 anos do lar, a inauguração das obras de ampliação foram também pretexto para uma “mais que justa” homenagem ao provedor José Baião como “o grande obreiro e a alma da Misericórdia de Alpalhão”, que dirigiu durante 38 anos com espírito de missão, pondo em prática a solidariedade católica, e que foi o grande sonhador deste mais recente investimento.

No discurso inaugural, o vice-provedor João Bugalho, em representação do provedor, vincou as dificuldades do projeto, que não foi apoiado pelo programa PARES “pelo facto de o edifício se encontrar hipotecado pela necessidade de financiamento bancário para a obra, que ascendeu a mais de um milhão de euros sem quaisquer ajudas, e que possibilitou a criação de mais 16 camas e previsão de mais quatro postos de trabalho”, afirmou, salientando que a Misericórdia é já a “maior empregadora” da freguesia de Alpalhão com “42 trabalhadores”.

João Bugalho sublinhou a importância “determinante” do apoio do município de Nisa e da Segurança Social de Portalegre para que fossem ultrapassados “todos os obstáculos” e realçou a “necessidade de acordos” para que os utentes possam usufruir do novo lar, os quais foram celebrados alguns dias após a inauguração.

Lisália Madeira, provedora da Misericórdia de Avis e presidente do Secretariado Regional da União das Misericórdias Portuguesas em Portalegre, apresentou as felicitações do presidente Manuel de Lemos, presidente da UMP, e salientou a importância do trabalho do provedor José Baião.

Dando continuidade aos discursos, o presidente da Junta de Freguesia de Alpalhão e que foi também voluntário na Santa Casa, Rui Canatário, classificou este dia como “histórico para a terra”, afirmando que, apesar do que se passa no mundo, “aqui há esperança na humanidade, aqui a fraternidade vence, vive-se o amor ao próximo”, asseverou, enaltecendo o “trabalho louvável” de todos os que trabalham na instituição e que “merecem a nossa vénia”, lembrando a sua heroicidade ao enfrentar a pandemia.

Rui Canatário deixou algumas palavras de apreço, em particular, a José Baião, que “batalhou sempre pelo progresso da Santa Casa da Misericórdia de Alpalhão e continua a batalhar para que o sucesso e o prestígio não falhem, numa total entrega a esta casa e a uma causa maior que é a solidariedade”, vincou, descrevendo o provedor como o “principal operário da obra” então inaugurada.

Fazendo um breve historial do seu “enorme trabalho de 38 anos”, mesmo durante a pandemia e com a saúde debilitada, o presidente da Junta fez questão de dizer que “Alpalhão deve muito ao senhor José Baião”, pois “é por pessoas como o senhor que somos uma terra de valor”, declarou, tendo de seguida entregado ao provedor, como forma de o homenagear, um azulejo que “não sendo de ouro nem de prata é da mais pura gratidão”.

A diretora do Centro Distrital da Segurança Social, Sandra Cardoso, manifestou o seu “reconhecimento pessoal e institucional” a José Baião, “com enorme apreço por uma vida dedicada a uma causa maior, a da solidariedade e proteção social dos mais vulneráveis”.

Reconhecendo que este foi um “processo muito difícil”, felicitou a Mesa Administrativa pelo investimento, assumindo a sua “solidariedade e colaboração institucional, próxima e construtiva”.

Para Sandra Cardoso, apesar das dificuldades encontradas, que “não foram da responsabilidade nem da Segurança Social nem da instituição”, com o aumento de 23 para 39 camas, a Misericórdia terá “uma nova dinâmica financeira”.

Também D. Antonino Dias, bispo de Portalegre e Castelo Branco, fez questão de se associar à homenagem a José Baião, agradecendo ao provedor “pelos 38 anos aqui dedicados com espírito de fé, de organização e de persistência que nos marca a todos”, pois “é um homem de fé”, a quem “devemos agradecer o seu testemunho de Igreja e de sensibilidade eclesial, de apoio aos mais fracos dentro desta área que abraçou”.

A presidente da Câmara, Idalina Trindade, salientou que esta inauguração representa “o trabalho árduo que foi liderado por José Baião” que “superou dificuldades, ultrapassou barreiras” e que, com “racionalidade, bom planeamento, muita entrega, rigor e força de vontade”, tudo fez para que este investimento fosse concretizado e deixou palavras de elogio ao provedor por ter “dedicado uma vida inteira às causas sociais, ao amor ao próximo, a fazer o bem”.

O provedor José Baião, já bastante debilitado, assistiu com grande comoção ao concretizar deste sonho pelo qual tanto lutou e assumiu neste dia a sua felicidade e o receio que tinha de morrer “sem ver a obra inaugurada”. José Baião acabou por falecer poucos dias depois, com 82 anos de idade, tendo sido provedor da Misericórdia de Alpalhão ao longo de quase quatro décadas.

 

Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão