Em jeito de balanço, o VM convidou dez profissionais de Misericórdias para refletirem sobre o trabalho realizado e os principais desafios para o futuro próximo. O mote deste convite foi inspirado por uma frase do Papa Francisco: “A escuta é o primeiro e indispensável ingrediente do diálogo e da boa comunicação”. A escuta é aquilo que tentamos, diariamente, praticar no VM. Ouvir para, depois, dar a conhecer as histórias mais inspiradoras das Santas Casas, que consideramos terreno fértil para transformação de vidas e para a cidadania ativa.

Com o olhar assente no futuro, Carla Medeiros, do Departamento de Comunicação e Imagem da Misericórdia de Santo Tirso, reflete sobre o desafio constante que a atual 'aceleração mediática' apresenta no trabalho de comunicação e da presença digital da Misericórdia.

'Na sua voz, a voz de todos nós'

Desafio diário e alerta constante na comunicação digital. É o sentimento que atualmente me define enquanto profissional de um departamento de comunicação ao serviço de uma Misericórdia que procura, ativamente, cultivar a arte da relação através da comunicação.

Muitas vezes ao minuto e em tempo real. Onde é crucial fazermos valer a informação rigorosa, objetiva e honesta, afastados do sensacionalismo e promovendo o humanismo e a solidariedade. Num tempo onde o tempo escasseia para a leitura de notícias longas e só os títulos determinam o conteúdo. Onde ler menos é mais, mas em contrapartida as imagens raramente são consideradas em demasia. Efetivamente os tempos mudaram.

Todo o ritmo de comunicação assumiu uma aceleração mediática. É neste contexto que se afigura a responsabilidade de definir uma estratégia de comunicação eficaz, dirigida a diferentes públicos. Tem sido visível a procura e a tentativa que as Misericórdias têm feito na conquista do seu espaço na era digital: mostrando-se presente à distância de um clique e, na emergência de dar visibilidade à sua missão e valores, promovem uma imagem contemporânea, reforçando a sua identidade. Mas, no contexto de crise atual, continua a ser urgente o reconhecimento social de toda a dimensão do trabalho desenvolvido em prol dos afetos e do bem cuidar.

Urge continuarmos no reforço da comunicação interna e externa. Ligarmo-nos enquanto promotores de causas solidárias. Rentabilizemos, para isso, ferramentas e recursos tecnológicos estratégicos de informação que tragam retorno para a projeção das Misericórdias no contexto social e económico. Que em 2024 invoquemos António Variações e sejamos capazes de adaptar a sua letra, dinamizando e promovendo este jornal, convertendo-o num slogan de união dos nossos rostos carregados de heróis, histórias, rugas e sabedoria: "Todos nós temos MISERICÓRDIA na VOZ. E temos na sua voz, a voz de todos nós". E contemos como foi, para chegarmos mais além.'

Voz das Misericórdias, edição de dezembro de 2023