Em jeito de balanço, o VM convidou dez profissionais de Misericórdias para refletirem sobre o trabalho realizado e os principais desafios para o futuro próximo. O mote deste convite foi inspirado por uma frase do Papa Francisco: “A escuta é o primeiro e indispensável ingrediente do diálogo e da boa comunicação”. A escuta é aquilo que tentamos, diariamente, praticar no VM. Ouvir para, depois, dar a conhecer as histórias mais inspiradoras das Santas Casas, que consideramos terreno fértil para transformação de vidas e para a cidadania ativa.

Na transição para o novo ano, Ricardo Pereira, assessor de imprensa da Misericórdia de Lamego, encara com "enorme responsabilidade" a tarefa de comunicar a atividade e missão de uma instituição com mais de cinco séculos de história.

'Uma comunicação autêntica e digna

Trabalhar a comunicação de uma instituição social com mais de cinco séculos de existência significa, sobretudo, saber respeitar o seu imenso legado histórico. Projetar no seio da comunidade a missão e os valores sobre os quais assenta o seu trabalho diário e foi construída, paulatinamente, a sua reputação.

Desde há alguns anos, porém, emergiu um novo contexto nesta área. O aparecimento das redes sociais e a importância avassaladora que conquistaram na vida das pessoas coloca novos desafios. Como transmitir a nossa mensagem no meio do oceano de dados e imagens, muitas vezes inúteis, a que as pessoas acedem através de um simples clique?

No fundo, como fazer diferente e ser o fiel espelho de uma instituição que toca, a cada minuto, na vida dos utentes? Esta tarefa é, sem dúvida, estimulante e complexa, ainda por cima condicionada pela escassez de recursos.

Verdade, transparência, bom senso e responsabilidade são os pontos cardeais que devem guiar a construção de uma boa comunicação. O compromisso com estes princípios deve ser inabalável para garantir, a longo prazo, uma relação de confiança com o público interno e o público externo.

Além disso, o setor social é único e verdadeiramente especial. É constituído por instituições moldadas por afetos, facto que não tem paralelo, por exemplo, no tecido empresarial. Esta realidade emocional não deve ser escamoteada e permanecer à sombra.

Testemunhar o ambiente sereno e afetuoso vivido num lar de terceira idade ou a alegria sempre espontânea e contagiante de um jardim de infância deve ser uma prioridade para quem se propõe fazer uma boa comunicação. Autêntica e digna, como o olhar de cada utente. Evitando uma certa infantilização da mensagem como, infelizmente, assistimos às vezes em organizações que operam neste setor.

O investidor e filantropo Warren Buffett afirmou uma vez que são necessários 20 anos para construir uma reputação e apenas cinco minutos para destruí-la. Como assessor de imprensa da Santa Casa da Misericórdia de Lamego é, para mim, uma enorme responsabilidade abraçar o desafio de valorizar o passado da maior e mais antiga instituição de solidariedade social do concelho e dar um pequeno contributo para ajudar a projetar o seu futuro.'

Voz das Misericórdias, edição de dezembro de 2023