A Misericórdia de Atouguia da Baleia voltou a participar na feira de São Leonardo, mas em moldes diferentes por força da pandemia

Em moldes diferentes, é certo, porque os tempos de pandemia assim o obrigam, a tradição voltou a cumprir-se em Atouguia da Baleia, vila do concelho de Peniche onde o Dia de São Leonardo, 6 de novembro, é sinónimo de feira em honra do seu patrono. E mais uma vez, à semelhança do que aconteceu nos anteriores, houve sopa da pedra, um repasto confecionado pela Santa Casa da Misericórdia local com um objetivo solidário.

Este ano, o evento decorreu em versão take away e pretendeu angariar fundos para a recuperação do centro de saúde da vila, um edifício que é propriedade da Misericórdia e que, como reconhece o provedor, António Salvador, “já está a pedir obras”.

O dirigente frisa que, apesar da situação pandémica, a organização do evento, a cargo da Junta de Freguesia, fez questão de não suspender a feira que tem origens “seculares”, mas teve a preocupação de a adaptar às circunstâncias. “É uma oportunidade que as coletividades da terra têm para angariar algumas receitas, que, nesta fase, tanta falta fazem”, refere o provedor.

Nos últimos anos, a participação da Misericórdia tem-se concretizado através da dinamização de um espaço de restaurante, onde se serve sopa da pedra, bifanas e água-pé. Este ano, face às contingências, o take away foi a solução, com o serviço a ser montando na sede da irmandade, que funciona no piso inferior do edifício do centro de saúde a recuperar.

Mas nem por isso a população aderiu menos. Pelo contrário. Indiferentes à chuva que nessa manhã teimou em cair, as pessoas fizeram questão de participar. “Venderam-se mais sopas do que nos anos anterior. A meio da feira, a equipa da cozinha teve de fazer mais duas panelas de sopa para responder à procura. Foram servidas mais de 400 refeições”, revela o provedor, que aproveita o momento para um agradecimento “especial” ao cozinheiro habitual e aos seus ajudantes.

Além do take away, este ano, a participação da Santa Casa na Feira de São Leonardo teve outra novidade. A instituição esteve também presente na zona de feira franca com uma banca onde vendeu produtos hortícolas (abóboras, courgetes, cenouras, alho francês, batata doce, entre outros) oferecidos por “amigos” da instituição. “Correu muito bem”, diz, com visível satisfação, António Salvador, adiantando que houve também uma venda de rifas, com sorteio de um borrego.

Concluído o restauro da igreja da Misericórdia, obra para a qual foram, nos últimos anos, canalizadas as verbas angariadas em eventos, há uma nova empreitada a concretizar. Trata-se da requalificação do edifício do centro de saúde, a funcionar “há 27 anos” e, segundo o provedor, a precisa de obras de requalificação ao nível do telhado e das casas de banho e de reforço da eficiência energética, melhorando as condições de isolamento. 

A par da Feira de São Leonardo, a festa em honra da Imaculada Conceição, que se assinala a 8 de dezembro, é outro dos momentos que tem servido para a irmandade angariar fundos, com a promoção de alguns eventos (almoço ou jantar e representação teatral), que este ano não deverão acontecer, devido à situação de pandemia. Se assim for, “voltarão no próximo ano”, promete o provedor.

Voz das Misericórdias, Maria Anabela Silva