Imagine um professor que se disponibiliza para dar explicações de português e receber aulas de ioga. Ou um jovem que vai passear animais de estimação para depois frequentar sessões de informática. Ainda que figurativos, estes são dois exemplos que ilustram como vai funcionar a nova agência do Banco de Tempo, um projeto lançado no início de junho pela Santa Casa da Misericórdia de Beja.

Criada em parceria com o Graal, organização internacional responsável pelo Banco do Tempo, a nova agência de Beja “nasce com o propósito de fortalecer os laços comunitários, fomentar a cooperação entre cidadãos e valorizar o tempo como uma moeda de troca solidária”, explica Francisca Guerreiro, diretora dos Serviços de Ação Social da Santa Casa.

Segundo esta responsável, a Santa Casa tem vindo a “entrosar-se na comunidade” com “o objetivo de reforçar os laços de vizinhança e o sentido comunitário”. “Achámos que a Misericórdia tinha todas as condições para ter aqui uma agência e foi o que aconteceu”, conta.

Para Francisca Guerreiro, “a grande mais- -valia” deste projeto é “reforçar o sentido comunidade e de boa vizinhança” de antigamente. “Temos uma cidade pequena, mas que parece muito grande, em as pessoas estão mais distantes e a precisarem, às vezes, de deixarem de estar isoladas. A nossa intenção com a agência [do Banco de Tempo] é termos aqui um grupo que tenha vontade de dar e de receber”.

Mas como funciona o Banco do Tempo? Se na banca convencional tudo gira à volta do dinheiro, das taxas de juro e dos produtos financeiros, no Banco de Tempo são apenas as horas que contam, “trocando tempo por tempo”.

“Todos nós temos alguma coisa para dar e alguma coisa para receber”, nota Francisca Guerreiro, acrescentando que neste projeto “todas as horas valem o mesmo e o tempo é igual para todos”.

A nova agência de Beja do Banco de Tempo foi formalmente criada a 5 de junho, numa sessão que despertou enorme interesse e reuniu mais de 70 pessoas. “Tivemos casa cheia na inauguração, o que significa que as pessoas ficaram muito entusiasmadas com este novo projeto e já temos algumas inscrições como membros e muitas intenções de inscrição”, revela a diretora. Quanto ao futuro, a Misericórdia de Beja vai dinamizar “ações abertas à comunidade” para dar a conhecer o projeto e aumentar o número de pessoas inscritas, conclui a diretora dos Serviços de Ação Social.

Voz das Misericórdias, Carlos Pinto