Um dos desafios aos quadros técnicos é a incorporação dos valores e práticas que caracterizam a cultura organizacional das Santas Casas

Um quadro técnico capacitado, motivado e alinhado e com a identidade e missão das Misericórdias é um dos garantes de continuidade e excelência das instituições. Assim frisaram os diretores coordenadores das Santas Casas de Arganil e Trofa, Nuno Gomes e Zélia Reis, respetivamente, na sessão temática sobre “Profissionalização e Misericórdia: Um desafio para quadros técnicos”, moderada pelo provedor da Santa Casa de Idanha-a-Nova, Joaquim Morão. 

Para Nuno Gomes, um dos desafios que se impõe aos quadros técnicos passa pela incorporação dos valores e práticas que caracterizam a cultura organizacional da instituição. “O bom profissional, mais do que receber um salário no desempenho de uma função, é aquele que serve a causa”, começa por definir. Esta entrega e dedicação distingue os técnicos que, no dia a dia,” assimilam a identidade da instituição e contribuem para a sua operacionalização”. 

Nuno Gomes assume-se como um “produto das Misericórdias”, universo a que se dedica há mais de 20 anos, e revela-se defensor de uma “escola do profissional da Misericórdia” que permite “formar os líderes de amanhã”. “O corpo técnico tem de ser desafiado a ser líder. Os bons profissionais de hoje podem ser os provedores e mesários de amanhã”, justifica. 

Partindo da sua experiência ligada a três Misericórdias, Zélia Reis desafiou a plateia a encarar o risco como uma oportunidade de enriquecimento pessoal e a quebrar as hierarquias rígidas com criatividade e autonomia. “Temos uma margem de liberdade e autonomia que devemos manobrar para levar a bom porto os nossos ideais e plano traçado. É a partir dessa resposta ativa e criativa, sustentada em conhecimento, que adquirimos identidade profissional”. 

O diretor técnico tem uma responsabilidade acrescida neste processo enquanto “mobilizador de compromissos” entre os intervenientes na ação e as mesas administrativas. Ao dinamizar uma instituição que “acredita que os trabalhadores são peças fundamentais na criação de valor”, o diretor técnico é também responsável por criar uma “organização autentizótica, merecedora de confiança, que se torna vital pelo sentido que dá à vida das pessoas”.

Para contrariar uma tendência comum a várias organizações, onde a ações premeditadas e refletidas são muitas vezes suplantadas pelo imediatismo, a Misericórdia de Trofa promove reuniões mensais com a sua equipa, para avaliação das práticas profissionais, e organiza encontros periódicos com diretores técnicos das congéneres vizinhas para partilha de ideias.

A moderar o debate, o provedor de Idanha-a-Nova e vogal do Secretariado Nacional da União das Misericórdias valorizou o trabalho desenvolvido pelos quadros técnicos, em áreas como a gestão, e incentivou as instituições a apostar na “formação e capacitação dos técnicos”. “A sustentabilidade faz-se com ações suportadas em conhecimento”, lembrou Joaquim Morão.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas