A Misericórdia de Évora promoveu a segunda edição do estendal solidário, desta vez com o mote os Santos Populares

Para quem subia ou descia a Rua de Machede, em Évora, era quase impossível ficar indiferente ao enorme e colorido estendal de roupa que foi colocado no jardim do Paraíso, palco de mais uma edição do estendal solidário.

Entre os dias 23 e 25 de junho, a Misericórdia eborense esticou as cordas do “Estendal no Jardim” de modo a disponibilizar roupa, sapatos, brinquedos e outros artigos a quem mais precisasse.  

Depois da primeira edição, em janeiro, na altura com roupa e agasalhos adequados à estação do ano, a instituição voltou a levar a loja social, espaço de doação para os mais carenciados, para o jardim.

“A primeira edição foi um sucesso, foram levadas 1700 peças e achámos que era oportuno realizar nesta altura a segunda edição, pois nos últimos tempos temos verificado uma grande afluência de pessoas à nossa loja social, talvez reflexo da crise pela qual estamos a passar devido à Covid-19”, referiu Francisco Figueira, provedor da Misericórdia de Évora. 

O voltar à rua esteve sempre presente nas ideias da instituição, mas ganhou ainda mais força devido ao interesse demonstrado pelas muitas pessoas. “A primeira edição foi de tal maneira interessante que muitos perguntavam quando é que voltaríamos ao jardim, ou seja, foi a própria comunidade a chamar-nos novamente”, realçou Ana Lavado, técnica superior da Misericórdia de Évora.         

Uma chamada colocada em “marcha” sob o mote dos Santos Populares. Os manjericos enfeitaram o “Estendal no Jardim” com quadras como “No nosso estendal, encontra peças e sorrisos, os santos populares, chegam mesmo de improviso”.

“Não quisemos deixar passar esta época em branco e, em conjunto com os nossos utentes, fizemos algumas quadras para de alguma forma celebrar uma data que nos diz muito”, salientou Ana Lavado. 

Com o cheiro a manjerico, debaixo de sol e com todas as condições de segurança, de acordo com as indicações da DGS, o estendal montado ao ar livre, com as cordas presas nas árvores, foi sinónimo de felicidade e esperança para todos aqueles que por lá passaram à procura de algo.  Foi desenhado um circuito, dentro do jardim, com entrada e saída, para evitar o cruzamento entre as pessoas que, à entrada, eram convidadas a higienizar as mãos e informadas das regras de utilização do espaço.

Foi o caso de Rosa Pereira, que de máscara na cara, percorreu o jardim para recolher o que precisava e, meio envergonhada, revelou: “é muito importante este tipo de iniciativas ao ar livre, sinto-me mais à vontade e levamos aquilo que queremos. Não nos perguntam nada, nem temos que nos identificar”.

Ao longo dos três dias, voluntários e funcionários da Misericórdia de Évora acompanharam cerca de 500 pessoas que se deslocaram até ao estendal solidário. “Foram muitas aquelas que vieram buscar produtos, umas muito envergonhadas e outras para quem reutilizar não tem problema nenhum, é sim algo que temos de trazer para as nossas vidas”, disse Ana Lavado.

Com estas iniciativas a Misericórdia de Évora, para além de auxiliar os que mais precisam, também contribui para as questões ambientais, tal como sublinhou o provedor, “os produtos que deixaram de ser utilizados por uns podem ganhar nova vida nas mãos de outros”.

Cerca de 2000 peças foram recolhidas nesta segunda edição, “tudo o que se colocava rapidamente voava do estendal”, afirmou Ana Lavado. 

“Vê-se que há muita gente que precisa. E neste momento específico pelo qual estamos a passar é muito importante haver este auxílio, é essencial que as pessoas tenham conhecimento que existem estas iniciativas para ajudar”, salientou Helena Bilo, enfermeira de profissão e uma das voluntárias presentes no evento.

A segunda edição do estendal solidário terminou, mas a loja social da Misericórdia de Évora continua de portas abertas, de modo a dar resposta a necessidades de pessoas de diferentes faixas etárias.

Voz das Misericórdias, Ana Machado