A Santa Casa da Misericórdia de Guimarães inaugurou, no dia 31 de outubro, a sua nova galeria de benfeitores, integrada no Percurso Museológico do Convento de Santo António dos Capuchos. A iniciativa surge no âmbito do processo de restauro de um conjunto de 20 quadros, que contou com o apoio financeiro do Fundo Rainha D. Leonor (FRDL), criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas (UMP), com o propósito de apoiar os valores e as atividades das Misericórdias de todo o país.

A nova galeria de benfeitores está instalada na parede principal da escadaria do antigo hospital da Misericórdia de Guimarães e foi inaugurada na data em que este espaço cultural completou 15 anos.    

Eduardo Leite, provedor, foi o anfitrião principal da cerimónia de abertura da exposição, que contou com a presença de Inês Dentinho, administradora executiva do FRDL, de Mariano Cabaço, responsável pelo Gabinete do Património Cultural da UMP, e do vereador da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães, Paulo Lopes Silva.

Durante a sua intervenção, Inês Dentinho destacou que este “é um investimento de gratidão e gratidão é uma coisa rara”. Para a responsável, “esta galeria é muitíssimo pedagógica porque, se valorizarmos quem nos apoia, esses apoios continuarão a surgir”. Sublinhe-se que cada pintura homenageia uma personalidade que contribuiu para o bom nome da instituição, bem como para o seu funcionamento, pelo que a ocasião “será uma oportunidade de notabilizar e enaltecer o compromisso duradouro destes benfeitores ao longo de muitos anos em prol da comunidade”, segundo nota da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães.

“Esta foi uma ajuda muito preciosa do Fundo Rainha D. Leonor, pelo que muito temos que agradecer”, frisa Eduardo Leite, explicando que a Santa Casa da Misericórdia de Guimarães é curadora de um conjunto de muitas outras obras, num total de 120, muitos delas expostas em valências e instalações da Santa Casa.

Contudo, cerca de 50 destas obras estão armazenadas, pois carecem igualmente de trabalhos de restauro. Maria Rui Sampaio, responsável pelo Percurso Museológico da Santa Casa da Misericórdia, informa que há o intuito de que, "gradualmente, outras fotografias de benfeitores sejam expostas" também no mesmo edifício, sendo o objetivo principal partilhar com a comunidade este valioso espólio histórico, que em outros tempos também já esteve em exposição no antigo hospital.

Boa parte das obras agora expostas “estavam em muito mau estado de conservação”, como nos explica a coordenadora técnica responsável pelo trabalho, Mariana Ximenes, do ateliê Servatis-Servandis, especialistas com uma experiência de mais de 20 anos em restauro de património cultural classificado, sedeado em Vila Nova de Gaia. “Muitos dos quadros tinham uma deterioração muito avançada”, nota a técnica, destacando que, em certos casos, “com muitas lacunas e perdas em áreas importantes como rostos, legendas, fundos ou mesmo nos suportes, que estavam em bastante mau estado, pelo que se tratou de um trabalho de um elevado grau de complexidade”. Apoiado por uma equipa, o conjunto dos trabalhos decorreram ao longo de um intervalo temporal de quase um ano.

Sendo o património cultural um dos eixos de atuação das Misericórdias, a Santa Casa de Guimarães frisa mesmo querer continuar a ser um “farol de cultura e história”, pelo que esta comemoração dos seus 15 anos e a inauguração da nova galeria de benfeitores visa reforçar o contributo da instituição neste sentido.

Voz das Misericórdias, Alexandre Rocha