Melhorar serviços e espaços são exemplos de como as Misericórdias utilizam as verbas angariadas da consignação de IRS

Ser solidário nunca foi tão fácil. Todos os anos ao submeter a declaração anual do IRS é possível consignar 0,5% deste imposto, que iria reverter para os cofres do Estado, a favor de uma instituição particular de solidariedade social, religiosa ou cultural sem que isso traga qualquer custo para o contribuinte. As Misericórdias portuguesas têm apostado cada vez mais nesta forma de financiamento de modo a colocarem em prática projetos sociais, a melhorar as condições dos serviços prestados e garantir o bem-estar de funcionários e utentes. 

A consignação do IRS consiste em encaminhar 0,5% de IRS liquidado para uma entidade elegível para esse efeito. Livre de encargos para o contribuinte, que no caso de reembolso não recebe menos e no caso de imposto adicional não paga mais, dado que o dinheiro será retirado ao montante do imposto pago ao Estado, esta é a forma mais simples de ajudar as Santas Casas.

Em Sines, há mais de dez anos que a Misericórdia usufrui da consignação do IRS. Segundo a diretora geral da Santa Casa, Lídia Mateus, a instituição aderiu à campanha “logo que surgiu” e têm-no feito ano após ano, sendo que os valores que angariam “andam quase sempre entre os três mil a quatro mil euros” e o destino é sempre o mesmo: a loja social da instituição. “Usamos o dinheiro angariado para fazermos cabazes com produtos alimentares e de higiene que depois são entregues às famílias carenciadas do concelho, que estão identificadas através da loja social. Por vezes, ainda oferecemos viagens aos miúdos das respostas sociais da infância”, explicou Lídia Mateus.

Para a diretora geral da Santa Casa de Sines, consignar o IRS é uma “forma fácil” de os contribuintes apoiarem a Misericórdia, dizendo ainda “que sem dúvida este apoio faz a diferença” na ajuda que prestam à população.

João Maria dos Santos, provedor da Misericórdia de Vila Alva, corrobora com esta opinião e afirma que “esta é também uma forma de percebermos que a comunidade está connosco, que apoia o nosso trabalho”.

Desde há quatro anos que a Misericórdia vilalvense lança o apelo à comunidade para consignarem o IRS e os resultados têm-se feito sentir com o valor angariado a aumentar todos os anos. “O ano passado angariámos uma verba que ultrapassou os cinco mil euros e que foi toda canalizada para renovar os ares condicionados”, referiu o provedor.

Em Vila Alva as verbas angariadas são, segundo João Maria dos Santos, para “adquirir equipamentos que avariam, por exemplo” sempre com o objetivo de “melhorarmos a qualidade dos serviços que prestamos e de garantirmos o bem-estar dos nossos utentes”, ressalvou.

Nova nestas andanças, a Santa Casa de Cuba aderiu este ano, e pela primeira vez, a esta campanha. Sobre a estreia, o coordenador geral da Santa Casa, José Manuel Baião, disse que “como é a primeira vez não estamos à espera de muita adesão”, mas “toda a ajuda é bem-vinda”. Para 2020, os fundos angariados já têm destino: “fazer face a algumas despesas diárias, como a compra de batas”.

É também para “fazer face às despesas do dia-a-dia” que, segundo Valdemar Joaquim, diretor geral da Misericórdia de Vila de Rei, a instituição participa pela segunda vez na campanha de consignação de IRS. “O ano passado angariámos perto de dois mil euros, não é um valor grande, mas é uma ajuda bem-vinda à tesouraria, especialmente nesta fase em que são consideráveis as despesas com aquisição de equipamento de proteção individual”, concluiu o diretor geral.

A entrega anual do IRS iniciou-se a 1 de abril e termina a 30 de junho, mas desde o início de março que as Santas Casas têm vindo a lançar apelos nas redes sociais para que as comunidades consignem o seu IRS.  

Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves