As Misericórdias dos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém foram mobilizadas para integrar a rede de alimentação das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), numa sessão de apresentação realizada na sede da JMJ, a 22 de novembro, que procurou percecionar o interesse e condições de fornecimento de refeições aos jovens na primeira semana de agosto de 2023. Tomar, Vila Nova da Barquinha, Benavente, Pernes, Cascais, Oeiras, Lourinhã e Torres Vedras foram algumas das Santas Casas representadas na sessão que contou ainda com instituições sociais, centros sociais e paroquiais, membros do Comité Organizador Local (COL) da JMJ e outros.

Após uma visita guiada à sede, o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 deu as boas vindas no antigo quartel de logística militar, no Beato, que funciona, desde o início do ano, como “quartel da paz” e local de trabalho da estrutura central da JMJ. No acolhimento aos participantes, D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, agradeceu a “disponibilidade e ajuda para concretizar um desafio que é de todos e que só é possível ultrapassar aproveitando a capacidade instalada das instituições, centros sociais e paroquiais, Misericórdias e outras IPSS”.

Segundo João Rocha, responsável pela rede de alimentação da JMJ, esta é a “maior operação de catering alguma vez montada”, estando prevista a necessidade de oferecer perto de três milhões de refeições em mais de 2500 locais, entre restaurantes convencionais, instituições sociais e supermercados. Advertiu, contudo, para a complexidade de variáveis que envolve esta estimativa. “São números provisórios, mas precisamos de trabalhar com números para conseguir fazer um planeamento adequado”.

De acordo com o especialista em logística, o maior desafio prende-se com a “adequação entre a oferta e a procura, o que obriga a uma articulação com os locais de acolhimento para evitar desperdício de alimentos e de recursos humanos”.  Por isso, numa primeira fase o objetivo é aferir a disponibilidade das entidades no terreno e capacitar a rede de alimentação para posteriormente “fazer o match em função da realidade, que ainda pode mudar”. 

Até abril a equipa prevê ter a rede de alimentação fechada, solicitando a todos os interessados que submetam uma estimativa da sua capacidade no formulário online disponível neste endereço: https://jmjangariacaoderestaurantes.force.com/Formulario/.

Para facilitar a operação, a equipa criou três tipos de menu flexíveis, que as instituições podem escolher e personalizar mediante os recursos disponíveis: “2 eat in (serviço sentado, com bebida, sopa/salada, prato principal e sobremesa)”, “2 go rest (take away, com bebida, prato principal e fruta)” e “2 go super” (supermercados, bebida, salada/sandes e fruta). Para mais informações sobre a tipologia de menus e outras dúvidas contactar logistica@lisboa2023.org.

Uma novidade em relação às edições anteriores é a desmaterialização dos vouchers de refeição, que permite ao jovem validar o QR CODE numa aplicação disponível nos restaurantes inscritos.

Na plateia, as Misericórdias mostraram-se disponíveis para colaborar em função da sua estrutura e dimensão. Em nome das Santas Casas, a provedora de Cascais e membro do Secretariado Nacional da UMP referiu que “as Misericórdias fazem aquilo que cumprem e por norma servem uma alimentação saudável aos utentes. Isto é um desafio enorme, mas estamos cá para pensar e encontrar soluções”. Isabel Miguens considerou, contudo, que a operação deve ser montada localmente, “salvaguardando o compromisso com as Jornadas Mundiais da Juventude”.

Representando as 10 Misericórdias do distrito de Santarém, Manuel Maia Frazão acrescentou que as “Misericórdias estão disponíveis para contribuir, sendo que, numa primeira fase, a preocupação é saber se têm capacidade para conseguir servir com qualidade e dignidade”.

O provedor da Santa Casa de Pernes deixou ainda um pedido à equipa da JMJ: “Definir números com a maior brevidade possível para organizarmos a nossa capacidade laboral e propor uma medida de exceção ao Governo para faturar” este serviço atípico. Em resposta a esta questão, João Rocha revelou estar previsto, mas ainda não formalizado, um “acordo de parceria para regulamentar esta atividade” durante este período temporal.

Segundo dados da organização, um mês depois da inscrição do Papa Francisco, já mais de 200 mil jovens se inscreveram para participar nas Jornadas Mundiais da Juventude, que vão decorrer de 1 a 6 de agosto, em Lisboa. Em comunicado, o Comité Organizador Local revelou que vão marcar presença representantes de mais de 120 países inscritos, provenientes da Europa, África e América do Norte, Central e do Sul.

A nove meses do encontro com o Papa, o edifício que acolhe o quartel geral das operações reflete esta diversidade de línguas e culturas, que se pretende ter reunida em Lisboa no início de agosto. Nas salas e corredores decorados com mais de 200 bandeiras de todo o mundo, vemos circular voluntários que voaram de longe (Filipinas) para se juntar à organização, frases que apelam à participação global – “onde quer estejas, estamos todos a caminho” - e mapas onde estão assinalados os trajetos dos símbolos da JMJ (em Portugal) e das visitas realizadas pela comitiva. O objetivo é que o convite chegue a todos: “Queremos trazer dois peregrinos de cada país [do mundo]”, resumiu Sebastião Ribeiro, da equipa de relações internacionais.