Chama-se Elos com Futuro e pretende dotar as comunidades e instituições dos concelhos de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande de competências e capacidade organizativa para assegurar “o apoio adequado a pessoas afetadas por uma perda profunda”.

Coordenado pela Misericórdia de Figueiró dos Vinhos, o projeto envolve as irmandades dos outros dois concelhos e, depois de uma fase de divulgação, prepara-se para ir para o terreno. “Temos de agir o mais rapidamente possível. A pandemia veio trazer ao de cima situações, associadas ao isolamento, que estavam um pouco adormecidas e que foram exacerbadas com o confinamento social”, adverte Joana Pereira, coordenadora do projeto.

A psicóloga conta que o Elos com Futuro surgiu na sequência do incêndio de 2017, que atingiu aquele território do distrito de Leiria, mas não pretende focar-se apenas no apoio a quem perdeu familiares ou amigos nessa tragédia, até porque, no terreno, “existem equipas especializadas a fazer esse trabalho”.

“Vamos trabalhar com todo o tipo de perdas. O processo de luto não surge somente com a morte de um ente querido, mas também quando há perda de capacidades cognitivas ou de autonomia física, que implicam a readaptação a uma nova vida”, concretiza a psicóloga.

Joana Pereira explica que o projeto irá atuar em duas grandes frentes: o apoio ao luto, através de sessões individuais e de grupos de partilha, e a capacitação de pessoas da comunidade e colaboradores das Misericórdias dos três concelhos na temática do luto, através de workshops e de outras ações de formação.

Segundo a coordenadora do Elos com Futuro, estão também previstas “ações complementares de apoio aos enlutados”, onde se poderão incluir grupos de atividades de tempos livres, em áreas como a pintura ou a culinária, yoga e outro tipo de exercício físico ao ar livre, visualização de filmes ou ações de sensibilização, a definir “em função dos interesses dos participantes”.

Depois da fase de divulgação, o projeto irá avançar “o mais breve possível” com a criação de grupos de apoio e da organização do primeiro workshop, áreas que contarão com a colaboração da associação Apelo, através da sua equipa de conselheiros de luto. “A pandemia atrasou um pouco o projeto, mas veio pôr ainda mais em evidência a sua necessidade”, reforça Joana Pereira.

Voz das Misericórdias, Maria Anabela Silva