Antigamente, namorar à janela era uma prática comum de distanciamento social usada pelos casais de namorados, imposição dos costumes e tradições da época. Com a atual necessidade de mantermos o distanciamento social como medida sanitária em resultado da pandemia da Covid-19, a Santa Casa da Misericórdia de Marvão, no distrito de Portalegre, decidiu trazer de volta este costume como forma de atenuar as saudades de quem ficou impedido de ter proximidade com os seus familiares.

“Sabemos que nada é tão bom como abraçar e beijar, mas os olhos e o coração também alegram a alma”. Foi com esta premissa que a instituição convidou os familiares dos seus utentes para “namorar” à janela, como antigamente, conseguindo desta forma manter a distância necessária de proteção dos idosos, mas permitindo que vejam e falem com a sua família, com uma proximidade que já é suficiente para que todos se sintam “mais felizes, apaziguados e tranquilos, e, sobretudo, menos ansiosos”, como nos refere a diretora da Misericórdia de Marvão, Filipa Ferreira.

Em declarações ao VM, Filipa Ferreira realça que esta medida foi “extremamente bem acolhida, teve muita adesão”, sobretudo para “recuperarmos a relação de confiança das famílias com a instituição, que se ressentiu um pouco com este confinamento”. Segundo a diretora, “por muita confiança que tenhamos na instituição e que nos digam que está tudo bem, o facto de deixarmos de ver, de ter contacto físico com os nossos familiares deixa-nos a todos mais apreensivos”, reconhece.

A diretora justifica que estas visitas à janela irão continuar porque, apesar de já ser possível a realização de visitas no interior do edifício, as medidas impostas limitam o acesso a uma pessoa e “através das janelas todo o processo é mais simples, bastante seguro e permite, por exemplo, que a visita seja feita por mais familiares ao mesmo tempo”, o que “para os nossos utentes é importante e fá-los muito felizes”, garante.

 

Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão