Misericórdia de Mirandela promoveu encontro intergeracional para celebrar os seus 500 anos de existência e também o Dia dos Avós.

Proporcionar o convívio entre idosos e crianças, utentes da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela, foi o principal objetivo do Encontro Intergeracional, comemorativo dos 500 anos da instituição, que decorreu no passado dia 24 de julho. A iniciativa serviu também para comemorar o Dia dos Avós, que se assinala no dia 26 do mesmo mês.

A zona ribeirinha de Carvalhais, espaço verde em plena cidade de Mirandela, nas proximidades do rio Tua, foi o local escolhido para a realização de várias atividades lúdicas, desportivas e culturais. “É, certamente, uma forma de, num espaço idílico como este, proporcionar um dia agradável para os idosos e crianças e o convívio entre eles”, reforçou o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela, Adérito Gomes. 

O evento inseriu-se nas comemorações dos 500 anos da instituição, que decorrem ao longo do ano e que terão uma sessão comemorativa de encerramento, prevista para o mês de novembro. De acordo com o provedor, “não foi possível determinar o dia exato da fundação da instituição”, tendo apenas como referência o ano de 1518. 

O Encontro Intergeracional contou com uma sessão de abertura presidida pelo presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, que salientou a importância deste tipo de convívios, felicitando os mirandelenses “por se terem juntado há 500 anos em prol da população”. 

Num ambiente mais descontraído do que o habitual para este tipo de cerimónias, o representante da UMP acabou por tirar a gravata, adotando um estilo mais confortável, condizente com os participantes do evento, na sua maioria utentes e colaboradores das várias valências da Misericórdia de Mirandela.

Manuel de Lemos ofereceu à instituição uma peça produzida por um artesão de Borba, como lembrança evocativa dos 500 anos, à semelhança das outras Misericórdias que têm comemorado cinco séculos, como o caso da de Bragança.

“Trata-se de uma peça de mármore feita por um artesão.  São peças muito bonitas, que têm muito significado”, explicou o responsável, que esclareceu que estas peças são uma réplica de uma imagem que está em Fátima, em tamanho mais reduzido, pensadas propositadamente para oferecer às Misericórdias que celebram 500 anos.

O presidente da UMP reforçou ainda a importância das Misericórdias, em particular no interior do país. “Nas comunidades pequenas e do interior, se não houver Misericórdia não há nada. Os próprios funcionários da autarquia têm filhos, onde é que os põem? Os idosos, os pais deles, onde é que ficam? Se não houver uma enorme aliança entre a Câmara e a Misericórdia, essa comunidade está a esmorecer”, frisou Manuel de Lemos.
 

Ginástica financeira
O provedor da Misericórdia de Mirandela não esconde que a situação financeira da instituição não é a melhor. Quando assumiu o cargo de provedor, em 2014, diz ter encontrado um “cenário difícil”. Na altura, a dívida ultrapassava os seis milhões de euros. Apesar de ainda não ser o cenário ideal, o endividamento ronda agora os quatro milhões. Adérito Gomes referiu durante a abertura do Encontro Intergeracional que é necessária “muita ginástica mental e financeira” para conseguir “chegar ao fim do mês e honrar os compromissos”. 

Ao Voz das Misericórdias, o provedor explicou que faltam acordos com a Segurança Social para cerca de 30 utentes, o que piora a situação. Não querendo sobrecarregar as famílias dos utentes, Adérito Gomes acredita que a solução passa por “centralizar serviços, reduzir a despesa, tendo o mínimo de pessoal possível e evitar a contratação de mais pessoas, dentro do possível e sem comprometer o serviço da instituição”. 

Reconduzido no cargo de provedor no início deste ano, Adérito Gomes espera “levar a instituição a bom porto, a curto prazo”, acreditando que “dentro de três a quatro anos os encargos mais volumosos estarão ultrapassados”.

A Santa Casa da Misericórdia de Mirandela dispõe de três lares de idosos na cidade e dois em meio rural, nas aldeias de Vale de Salgueiro e S. Pedro Velho. Tem ainda dois infantários, um centro de acolhimento temporário, um centro de atividades de tempos livres e uma unidade de cuidados continuados, o que faz com que preste apoio diário a cerca de mil utentes e dê emprego a 340 pessoas.

Voz das Misericórdias, Sara Geraldes