“A nossa missão é servir a comunidade. E fazê-lo onde somos necessários”. A resposta surge pronta na voz de Conceição Pereira, provedora da Misericórdia de Caldas da Rainha, à pergunta sobre os motivos que levaram a instituição a aderir ao programa de distribuição de alimentos a pessoas carenciadas, primeiro com cabazes e agora também através do cartão social eletrónico.

A nível nacional e, de acordo com dados disponíveis no site da Carta Social, durante o ano passado, esta ajuda, financiada por fundos europeus através do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas, chegou a quase 210 mil pessoas, pela mão de centenas de instituições, entre as quais, dezenas de Misericórdias.

No distrito de Leiria, o número de beneficiários rondou os 5600, com a distribuição a ser feita por 35 organizações. Destas, 13 são irmandades, que, todos os meses, fazem chegar alimentos a famílias carenciadas. Só a Misericórdia de Caldas da Rainha está, neste momento, a apoiar perto de 760 pessoas, incluindo cerca de 40 que recebem a ajuda através da Santa Casa de Óbidos. “Somos entidade recetora para os dois concelhos e temos uma parceria com Óbidos, que faz a entrega no seu território”, explica Conceição Pereira.

O mesmo procedimento é seguido pelas Misericórdias de Porto de Mós e de Marinha Grande. A primeira recebe também os alimentos para o concelho vizinho da Batalha, onde tem a colaboração da sua congénere, que faz a distribuição localmente. Na Marinha Grande acontece o mesmo, com a Santa Casa a contar com o apoio de duas associações, uma na freguesia de Vieira de Leiria e outra em Casal Galego, para fazer chegar a ajuda a mais de 450 pessoas. “Estas parcerias facilitam o processo e libertam recursos e tempo à nossa instituição”, justifica o provedor Joaquim João Pereira, frisando que “todas as orientações”, desde a quantidade de alimentos ou do valor a carregar no cartão, passando pela identificação dos beneficiários, “são dadas pela Segurança Social”.

“Não interferimos no processo. Somos apenas entidades recetoras e distribuidoras da ajuda”, reforça Cláudia Braga, diretora da Misericórdia de Porto de Mós, que está a apoiar perto de 440 pessoas no seu concelho, número ao qual acrescem cerca de 140 na Batalha. “É mais um serviço que prestamos à comunidade, no cumprimento da nossa missão”, frisa a técnica, adiantando que a adesão ao programa implicou investimento em equipamentos de refrigeração e de congelação e a aquisição de uma viatura própria, comprada com o apoio do município.

Além da criação de condições para o acondicionamento dos alimentos, existe toda uma logística que é preciso garantir, desde a elaboração dos cabazes, distribuídos uma vez por mês, passando pelo carregamento dos cartões, também feito mensalmente, até à entrega aos beneficiários. No caso de Caldas da Rainha, a instituição já organizou sessões de formação para as famílias, dinamizadas pela sua nutricionista, com dicas sobre como confecionar refeições “simples e económicas, mas equilibradas”.

Reconhecendo o esforço acrescido para a operacionalização do programa, o provedor da Misericórdia da Marinha Grande diz que esta é “mais uma forma” de as Misericórdias cumprirem a sua “vocação de ajuda aos outros” e de serem “abrangentes nessa ajuda”.

Voz das Misericórdias, Maria Anabela Silva