Os défices cognitivos podem tornar as datas festivas indiferentes a quem padece de demências, mas o apoio domiciliário da Santa Casa de Mogadouro é incondicional. A funcionar 24 horas, durante 365 dias, esta valência “sobre rodas” já percorreu cerca de 25000 km para levar cuidados de saúde personalizados e melhorar a qualidade de vida dos seus utentes.

“A obra de misericórdia ‘visitar os enfermos’ convida a estar presente para prestar assistência física e proporcionar companhia. Esta iniciativa não só faz jus à missiva da obra, como leva a casa das pessoas uma abordagem humanista e especializada para que usufruam de cuidados de excelência adequados às suas necessidades específicas”, sublinha o provedor João Henriques.

A funcionar desde 2017, o projeto “Ter a Ideia” surgiu como uma resposta preventiva à institucionalização, promovendo o diagnóstico e a intervenção precoces. Atualmente, são acompanhados 65 utentes (entre os 56 e os 99 anos) e respetivos cuidadores, residentes em 21 localidades do concelho. “Este tipo de doença afeta pessoas numa fase de vida já avançada, o que significa que os cuidadores também já são idosos e com necessidade de algum tipo de apoio”, refere. 

Se a grande maioria dos utentes é apoiada pelo cônjuge, outra está a cargo de um descendente e uma minoria tem um cuidador a tempo parcial, porque “os filhos estão longe”. Em quase todas as situações se verifica “um nível significativo de isolamento e, muitas vezes, de solidão”. 

O trabalho do projeto “Ter a Ideia” tem-se revelado bastante profícuo, face ao feedback das famílias e aos resultados no retardamento da demência e controlo de sintomas. E nesta quadra natalícia, em que “as pessoas ficam mais sensíveis às suas dificuldades”, é um conforto anímico saber que a equipa entrará em suas casas como um familiar que as vem visitar. “Pela nossa experiência, encontramos nesta altura um maior número de agudizações de sintomatologia psicológica e comportamental, por isso, com mais necessidade de intervenção por parte da equipa”, conclui o provedor.

Voz das Misericórdias, Patrícia Posse