A Misericórdia de Mora homenageou os colaboradores de todas as respostas sociais, no dia 25 de junho, pela dedicação, esforço e sacrifício, que permitiram “salvar vidas” durante a pandemia de Covid-19. O voto de louvor e reconhecimento pelo “nobre e abnegado trabalho desempenhado durante a pandemia” foi aprovado na reunião da Assembleia Geral da irmandade, realizada a 22 de abril, conforme se lê em nota informativa.

“O vosso sacrifício representou vidas de pessoas. Em Espanha, França e Itália morreram mais de metade das pessoas em lares. Portugal andou nos 30%, as Misericórdias nos 20% e aqui em Mora conseguimos resultados verdadeiramente espantosos. Isto deve-se à capacidade da Dra. Diana [Pinho, diretora técnica do lar de idosos] e ao vosso sacrifício. Vocês trabalharam muito por isso queria agradecer-vos em nosso nome e das pessoas que salvaram”, reconheceu o provedor, Manuel Caldas de Almeida, numa homenagem pública onde foram entregues medalhas, diplomas e um prémio monetário a cerca de 200 funcionários de todas as respostas sociais (creche, jardim de infância, lares, apoio domiciliário, farmácia, CLDS 4.0, trabalhadores agrícolas, etc.).

Referindo-se aos sacrifícios pessoais da equipa, nos períodos mais críticos da pandemia, em que foi necessário “fechar portas”, o responsável recordou, num discurso caloroso e descontraído, o empenho de todos os que salvaguardaram a saúde e bem-estar dos idosos, “longe dos filhos e tendo a preocupação com a sua própria família”.

Para a diretora técnica dos lares, Diana Pinho, esta vitória coletiva decorreu dos sacrifícios pessoais, mas também da formação e sensibilização permanentes e rigor na implementação das medidas de proteção. “Todos foram essenciais e todos tiveram de se adaptar durante a pandemia, desde as funcionárias da creche, que foram ajudar nos lares, ao banco alimentar, que teve um aumento de 50% na procura. Tudo isto exigiu grande esforço e todos contribuíram para o nosso sucesso. Na fase pior, não tivemos surtos. Só em 2022, depois da terceira dose da vacina, houve casos de infeção, mas sem complicações ou óbitos associados”. 

Depois de dois anos “infindáveis”, a homenagem foi recebida com “muita emoção” pelas equipas. “Foi o encerrar de um capítulo com uma festa simples e um convívio entre todos. Este reconhecimento é muito importante, não apenas o interno, mas também a visibilidade pública junto da comunidade, que desta forma reconhece o trabalho feito por estas pessoas”, destacou a diretora técnica.

A festa decorreu ao ar livre, num ambiente informal, propício à partilha de memórias, gargalhadas e cantigas. Na ementa, o porco no espeto e sardinhas assadas na brasa fizeram a delícias dos convivas, entre colaboradores, irmãos, mesários e representantes de entidades locais. O convívio ficou ainda marcado pela entrega de um azulejo e diploma de reconhecimento a cada um dos colaboradores pelo provedor e vice-provedor, José Lopes Mariano.

Esta homenagem surgiu na sequência de uma deliberação da Assembleia Geral, em que foi aprovada um “voto de louvor e reconhecimento a todos os colaboradores pelo empenho e generosidade com que cuidaram dos nossos utentes; desgaste a que estiveram sujeitos pelo trabalho acrescido, tempo e horas gastas; fazer mais com menos pessoas disponíveis e sempre atentos às necessidades dos utentes e suas famílias”.

Também a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) se associou a esta homenagem, através da oferta do quadro, descerrado naquele dia, de “tributo aos profissionais heróis que, numa dedicação extrema, estiveram presentes no combate à pandemia e que, em cada Misericórdia, cumpriram exemplarmente a sua missão”, conforme se lê na mensagem dirigida a todas as Santas Casas do território nacional, em maio de 2021, por ocasião do Dia da Visitação.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas 

Fotografia: José Artur Macedo