Centenas de pessoas marcaram presença no jantar solidário a propósito dos 450 anos da Misericórdia de Odemira

O 450º aniversário da Misericórdia de Odemira foi celebrado no dia 6 de julho com um jantar solidário em Vila Nova de Milfontes que reuniu centenas de pessoas e que ficou marcado pela oferta de um donativo de 27.601,20 euros por parte da Caixa Agrícola de São Teotónio. 

De acordo com o provedor, a verba será aplicada na aquisição de 30 camas articuladas elétricas para os dois lares e para a unidade de cuidados continuados da Misericórdia. Já a receita obtida com o jantar será utilizada na aquisição de painéis fotovoltaicos, “com vista à melhoria da eficiência energética da instituição e consequente redução da fatura da eletricidade”, revela Francisco Ganhão. 

Em declarações ao VM, o provedor referiu que “os 450 anos da nossa Misericórdia de Odemira significam muito empenho, dedicação, lágrimas e sorrisos de todos os que caminharam e caminham com fé, os que estão disponíveis para ajudar o seu próximo, os que sentem e dizem sim com alegria à Santa Casa”.

“Orgulho no passado e esperança no futuro” é a forma como o provedor encara os 450 anos da instituição. Por isso, além do jantar solidário, a Santa Casa assinalou o aniversário também com a inauguração, no Lar de Nossa Senhora da Visitação, de uma galeria de homenagem aos antigos provedores da instituição.

Fundada em 1569, a Misericórdia de Odemira apoia 86 utentes em ERPI e 56 em apoio domiciliário. Além disso, são 11 os idosos acompanhados no âmbito do Programa Afetos, que visa minimizar o isolamento social dos mais velhos.

Segundo o provedor, este programa será brevemente remodelado: “Pretendemos assim cultivar as relações entre gerações, tendo como objetivo humanizar a nossa sociedade e criar laços de proximidade”.

Entre outras atividades, a Santa Casa é ainda responsável por uma unidade de cuidados continuados com 36 camas (20 de média e 16 de longa duração) e é igualmente parceira da unidade móvel de saúde “Saúde na Mira”, que visa mitigar o isolamento e assegurar cuidados de saúde primários à população residente em montes isolados e no interior do concelho de Odemira.

Para tudo isto, revela o provedor Francisco Ganhão, a Misericórdia tem no seu quadro de pessoal um total de 127 pessoas. “Esses colaboradores são fundamentais para apoiar os nossos utentes e respetivas famílias, diariamente e ao longo de todos os dias do ano”, observa.

Esta realidade, continua o provedor, exige muito trabalho à Misericórdia, especialmente no plano da gestão financeira. Dando como exemplo o serviço de apoio domiciliário, Francisco Ganhão refere que a resposta “funciona sete dias por semana e, no entanto, o Centro Distrital de Beja da Segurança Social somente comparticipa os cinco dias úteis da semana, o que origina desequilíbrios na sustentabilidade na instituição”, diz o provedor.

Há ainda a questão dos recursos humanos. “A fixação de quadros técnicos, na área de enfermagem e auxiliares de ação direta, é também uma das dificuldades com as quais nos debatemos”. O problema, continuou, é “transversal” nos territórios de baixa densidade.

Apesar de todas estas condicionantes, o provedor garante que a instituição continuará a ajudar o próximo “ao longo dos próximos 450 anos”, estando disponível para a execução “de novos projetos em parceria com o município de Odemira e restantes entidades do concelho” que permitam “a melhoria das condições de vida dos odemirenses e de quem escolheu este território para aqui residir ou trabalhar”.

Voz das Misericórdias, Carlos Pinto