Todas as semanas, um grupo de idosas do lar da Santa Casa da Misericórdia de Olhão entrega-se à arte do ‘corta e cose’

É sob o mote ‘costuramos sonhos, bordamos histórias’ que um grupo de utentes da Santa Casa da Misericórdia de Olhão se junta, semanalmente, à volta da máquina de costura para dar vida a sacos, bolsas do pão, carteiras e outros artigos confecionados com “muita sabedoria e amor”.

O grupo de costura criativa surgiu depois de Helena Luís, animadora sociocultural da Misericórdia, ter “descoberto uma máquina de costura antiga, ainda a pedal, na instituição” e de “ter reparado como as idosas ficaram entusiasmadas com a máquina”, contou ao VM.

Sem saber costurar, mas certa de que “com amor tudo se faz”, Helena Luís lançou-se ao desafio e aprendeu a arte do ‘corta e cose’ para poder chegar mais perto das necessidades das utentes. “Eu não percebia nada de costura, fui aprendendo com uma colega e depois ganhei um gosto especial porque vi que elas (as utentes) estavam felizes e percebi que o caminho era mesmo por ali”.

Atualmente o grupo conta com 15 participantes e reúne, “normalmente, duas vezes por semana, 10 utentes de cada vez, para que consigamos ter espaço para trabalhar e manter algum distanciamento”, refere a animadora.

Durante as sessões de costura cortam-se os tecidos, enfiam-se as agulhas para fazer os alinhavos e costuram-se “sacos, bolsas para o pão e carteirinhas, coisas simples” que depois são vendidas às funcionárias da instituição ou “oferecidas aos outros utentes, como as carteirinhas, que eles tanto gostaram”.

O local de trabalho vai variando, umas vezes na sala de atividades, outras ao ar livre no exterior da instituição, mas a animação e a vontade de costurar nunca faltam, garante Helena Luís. “As idosas gostam muito desta atividade, algumas tinham a costura como profissão e adoram, outras não tinham, mas gostam na mesma. Algumas delas já não conseguem fazer muito na costura, mas recordam como era, ainda sabem como se faz, nomeadamente alinhavar. É um regresso ao passado que as deixa muito felizes”.

Para além dos “momentos descontraídos e de bem-estar” que esta atividade proporciona às utentes, consegue-se ainda, segundo Helena Luís, “estimular de forma não muito forçada as capacidades cognitivas e a motricidade fina porque esta é uma atividade muito minuciosa e que requer muita concentração”.

Para animadora sociocultural, este é, apesar de recente, um “projeto de sucesso com impacto muito positivo nos nossos utentes” por isso “é para continuar”.

Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves