Projeto da Misericórdia de Oliveira do Bairro visa dar respostas às famílias que têm de lidar com demências

Tinham uma vida profissional exigente. Geriam equipas de trabalho, empresas e negócios de sucesso. Praticavam exercício físico e pedalavam, recreativamente com amigos, largos quilómetros semanalmente. Nada apontava para a probabilidade de desenvolverem uma doença mental, mas a realidade foi outra. Os primeiros sinais deixaram as famílias em alerta. Os episódios “invulgares” como perdas e esquecimentos agudizaram a preocupação. O relatório médico revelava o diagnóstico que se temia: demência. E agora?

Precisamente para dar resposta a casos como o de Abel, Óscar, Vital, Madalena e tantos outros, a Misericórdia de Oliveira do Bairro tem em funcionamento o projeto ‘Demência e Agora?! - Centro Rainha D. Leonor’. Com frequência gratuita, quem procura esta resposta tem acesso a ateliês de estimulação física e cognitiva, treino de atividades de vida diária, assim como grupos de suporte e gestão de emoções para os cuidadores, entre outros.

Anabela Carvalho, diretora técnica e mentora do projeto, recordou ao VM a escolha do nome. “Exprime aquilo que queremos transmitir. A vida não termina, a pessoa não deixa de ser pessoa, não deixa de ter direitos. Temos é que, com base em terapias não farmacológicas, retardar o mais possível a evolução da doença”.

Neste ponto, a opinião dos cuidadores ouvidos pelo VM é unânime. “Se não fossem as atividades que têm aqui, já estaria muito pior”. Maria, Celeste e Isaurinda são esposas. Samuel é filho. Todas as semanas, mais do que uma vez, trazem os seus entes queridos ao ‘Demência e Agora?!’. Reconhecem que “todos os dias perdemos um bocadinho, mas temos o cuidado de continuar em casa aquilo que fazem aqui”.

Mensalmente, são desenvolvidas sessões com os cuidadores, sob temáticas diversas. Uma oportunidade de conhecimento, mas também de partilha. “É muito bom porque nos vão explicando métodos, procedimentos”, apontam. De forma online, são desenvolvidas sessões com familiares que não têm tanta disponibilidade para sessões presenciais.

O ‘Demência e Agora?! – Centro Rainha D. Leonor’ diferencia-se por não ser um centro de dia tradicional. “As pessoas vêm, têm sessões de duas horas de estimulação e podem ter mais meia hora com a terapeuta ocupacional ou com a psicóloga, dependendo da necessidade de cada um”, complementa a diretora Anabela Carvalho.

Voz das Misericórdias, Vera Campos