A Misericórdia de Ponte de Sor inaugurou, no dia 13 de junho, a última fase das obras de requalificação do Lar Nossa Senhora do Amparo. Neste dia foi celebrado não apenas o fim de uma obra física, mas o início de uma nova etapa de dignificação e excelência que resultou de anos de dedicação, esforço institucional e sentido de missão.

A cerimónia, que reuniu mesários, irmãos, autarcas, representantes regionais do Instituto da Segurança Social, da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), da Diocese de Portalegre - Castelo Branco e dezenas de colaboradores e convidados, foi marcada por discursos emotivos e reflexivos, destacando não só os desafios superados ao longo dos anos, mas também o impacto transformador da intervenção no panorama social local.

O provedor da Santa Casa, José Goes, fez uma retrospetiva histórica do lar, lembrando que tudo começou em 1970 com a doação de uma casa de habitação, numa altura em que “não havia Estado a apoiar como há hoje” e as respostas sociais eram quase inexistentes. “Foi um marco civilizacional para Ponte de Sor”, afirmou, sublinhando o papel pioneiro da instituição ao assumir a responsabilidade coletiva pelo cuidado dos idosos.

Com o tempo, no entanto, a infraestrutura tornou-se obsoleta e a Mesa Administrativa viu-se perante a necessidade de reformular a resposta. O esforço logístico foi gigantesco, envolvendo a transferência temporária de utentes e a adaptação do funcionamento da instituição em plena obra. “Foi uma experiência dura para todos. Foi difícil, mas conseguimos”, destacou o provedor.

As obras foram executadas com recurso a múltiplos programas de financiamento e apoios institucionais. Entre eles, destaca-se o programa InAlentejo, o Fundo Rainha D. Leonor, o Portugal 2020, a Câmara Municipal de Ponte de Sor e, recentemente, o Programa PARES. A fase final da requalificação, agora inaugurada, representou um investimento superior a 970 mil euros, com uma comparticipação pública de 803 mil.

Segundo Sandra Cardoso, diretora regional da Segurança Social, este projeto ilustra a “capacidade de gestão, resiliência e humanismo” da Santa Casa. “Esta obra era fundamental para assegurar uma resposta social com dignidade, qualidade e personalizada. Os utentes estão, e devem estar sempre, no centro da ação”, afirmou, destacando também a importância da obra na valorização das condições de trabalho dos colaboradores.

Em representação da UMP, Miguel Raimundo reforçou o papel incontornável destas instituições no apoio social em Portugal e a importância destes investimentos para a missão centenária das Misericórdias, hoje vistas como “parceiros imprescindíveis do Estado”, defendendo ainda a necessidade de maior reconhecimento institucional.

Hugo Hilário, presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor, destacou o impacto transformador que a Santa Casa tem tido no concelho. “Quem viu esta casa antes e a vê agora sabe que é uma obra de coragem. E é com muito orgulho que partilhámos esse risco com a instituição”, disse. O presidente da Câmara anunciou ainda um novo projeto em colaboração com a Santa Casa: a reabilitação e ampliação da creche e infantário da instituição.

O bispo da Diocese de Portalegre - Castelo Branco, D. Antonino Dias, encerrou a cerimónia com uma reflexão espiritual e social. “Esta obra é fruto de coragem, iniciativa e colaboração. Mas é também um alerta. Em muitas zonas, as Misericórdias lutam para encontrar órgãos sociais. Falta gente. Falta espírito de pertença.” O prelado referiu ainda que muitas Misericórdias o têm procurado para nomear comissões administrativas, devido à ausência de voluntários. “É urgente que a comunidade se envolva, que saiba o que se passa e participe”, alertou.

Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão