Quem conhece o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Obra da Figueira, Joaquim Barros de Sousa, sabe que valoriza a polivalência e que se dedica com otimismo às causas sociais. Por isso, admite que viver é fazer coisas, tendo em vista os desafios e a diversidade das opções de cidadania.

Joaquim Manuel Barros de Sousa diz que é da Figueira da Foz, embora tenha nascido em Coimbra, a 22 de outubro de 1936. “Naquela altura, a Figueira não tinha maternidade e os meninos iam nascer a Coimbra”, afirma ao VM, relevando a sua “costela” figueirense. O pai, Joaquim da Cunha e Sousa, era um engenheiro com raízes familiares em Arcos de Valdevez. Morreu quando o filho tinha oito anos. A mãe, Maria Luiza Gaspar de Barros, com ascendentes na Marinha Grande, foi uma desportista da Associação Naval 1.º de Maio, que participou na regata infantil de 1916 e foi praticante de tiro. Deixou de ser professora do Jardim-Escola João de Deus, com o nascimento de Joaquim Barros de Sousa, cujo futuro lhe reservaria múltiplas funções e responsabilidades institucionais, públicas e associativas, como sucede com a Misericórdia de Obra da Figueira há precisamente um quarto de século.

O seu percurso escolar teve início no jardim-escola onde a mãe exerceu, passando pelo Colégio Academia Figueirense (Secção Primária), pelo Liceu Nacional da Figueira da Foz, tendo regressado ao Colégio (do terceiro ao quinto ano), mas concluiu o ensino liceal em Santarém. Posteriormente, ainda frequentou aulas de engenharia. Porém, preferiu licenciar-se em ciências matemáticas na Universidade de Coimbra, apesar de a tropa (em 1959) lhe ter interrompido o curso. Enquanto professor do ensino secundário (desde 1967), lecionou desenho profissional, tecnologia mecânica, educação física e matemática, tendo começado na antiga Escola Industrial e Comercial. Foi também docente no Liceu e na, então, Escola Preparatória Dr. João de Barros. O estágio profissional decorreu no Porto, em 1975, na Escola Industrial Infante D. Henrique.

Embora gostasse muito de ensinar, Joaquim de Sousa aproveitou outras oportunidades de trabalho. Assim, além de formador do Instituto de Emprego e Formação Profissional, foi administrador-delegado do Hospital Psiquiátrico do Lorvão, vogal do Conselho Diretivo do Centro Regional de Segurança Social do Centro, assessor do Conselho de Administração da Fundação Bissaya Barreto e, mais tarde, administrador-delegado para os portos do Centro do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos. Politicamente, fez parte da Oposição Democrática, já depois de ter colaborado na candidatura do general Humberto Delgado. Entre 1974 e 1982, foi militante do Partido Socialista, tendo sido adjunto do secretário de Estado da Administração Regional e Local do VI Governo Provisório. Enquanto deputado socialista à Assembleia da República (AR), na I Legislatura (1976-79), foi coautor do projeto de lei relativo à criação do Instituto da Criança.

Ainda antes de presidir à Câmara Municipal da Figueira da Foz (entre 1980 e 1982, ao ter ganho as segundas eleições para o poder local), foi secretário de Estado da Juventude e Desportos. “Estive nos dois primeiros governos constitucionais, com Mário Sottomayor Cardia como ministro e Mário Soares como primeiro-ministro”, confirma Joaquim de Sousa. Voltou às funções de deputado na AR, em substituição (de 1992 a 1995), na VI Legislatura, já como militante do Partido Social Democrata. Na época, juntamente com o deputado Paulo Pereira Coelho, avançou com um requerimento relacionado com a criação de um aeroporto na Figueira da Foz.

Voz das Misericórdias, Vitalino José Santos