A única Misericórdia do concelho de São João da Pesqueira, no distrito de Viseu, foi reativada no início de 2018, depois de um interregno de mais de três décadas.

Encabeçada pelo jovem provedor José Filipe Pereira, a Santa Casa de fundação quinhentista (1569) prepara-se para retomar a atividade na área da saúde e está empenhada na criação de postos de trabalho na região.

“Quando demonstrámos este nosso propósito, a direção da UMP abraçou logo o projeto. A Misericórdia de São João da Pesqueira precisava de sangue novo e de vontade e uma vez que temos adrenalina aceitámos tornar este sonho realidade”, contou o provedor, no final da assembleia-geral da UMP, em Fátima.

Localizada junto às margens do rio Douro, a povoação com um passado de desenvolvimento económico ligado à produção de vinho do Porto, está hoje votada à desertificação e despovoamento. “Sofremos do mesmo mal de outras terras do interior e compete-nos, em parceria com a autarquia, cativar jovens e criar postos de trabalho. Temos de pensar a longo prazo”, defendeu o dirigente eleito em janeiro. 

Para concretizar esse objetivo, e responder a uma necessidade da região, a mesa administrativa pretende aproveitar um espaço vago no edifício do centro de saúde da vila para criar uma unidade de cuidados continuados. “A nossa ideia é utilizar esse espaço que levou obras há pouco tempo. Contactámos o Ministério da Saúde e a ARS Norte, que manifestaram abertura, e aguardamos a aprovação do estatuto de IPSS”, confidenciou José Filipe Pereira. 

Em plena região demarcada do Douro, a povoação orgulha-se por ter o mais antigo documento de concessão régia no território português (foral concedido entre 1055 e 1065 por Fernando Magno de Leão e Castela) e pela importância política que incentivou a fixação de famílias nobres na região, nos séculos XVII e XVIII. 

A família Távora foi uma das que marcou o desenvolvimento e urbanismo da vila nesse período, mandando edificar o solar que hoje acolhe a sede da Misericórdia. “É nosso objetivo recuperar esse edifício histórico, classificado de interesse nacional, que integra a capela”, referiu o provedor.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas