A Misericórdia de Sobral de Monte Agraço convidou um artista local para dar nova vida a um mural de 50 metros no exterior da sede

Nasceu um mural de 50 metros na entrada do lar de idosos da Misericórdia de Sobral de Monte Agraço. No âmbito das comemorações do 70º aniversário da instituição, a mesa administrativa desafiou um jovem designer local, Afonso Danho, a criar uma obra de arte, no espaço exterior da sede, inspirada na missão e atividade da irmandade. 

A obra de arte foi inaugurada no dia 28 de setembro, na presença do artista, utentes, irmãos, funcionários, mesa administrativa e representantes de entidades locais (município e paróquia). A cerimónia arrancou com uma breve explicação sobre o processo de criação e simbologia dos elementos representados, pelo autor, seguindo-se um almoço de convívio volante ao ar livre.

Segundo o vice-provedor da Santa Casa, a “reação a este projeto foi a melhor porque além da participação ativa dos idosos, nas várias fases de produção da obra, houve um contínuo interesse dos irmãos, visível no momento da inauguração da obra”. A decisão de convidar um jovem artista local partiu da mesa administrativa, que já conhecia o trabalho desenvolvido pelo designer em início de carreira e procura “sempre que possível apostar na colaboração e valorização das pessoas do concelho”, referiu Francisco Amaral Luízio em conversa com o VM.

Nascido e criado em Sobral de Monte de Agraço, Afonso Danho decidiu abrir uma empresa de design, publicidade e artes gráficas na vila do Oeste, em resposta a uma “falha no mercado”. Assina obras em locais espalhados pelos concelhos de Lisboa e Loures (disponíveis nas páginas de Facebook e instagram @danho.art), com o nome artístico “Danho”, e revela-se satisfeito com a colaboração iniciada com a Santa Casa da terra natal. 

Encontramo-lo, pela primeira vez, em pleno processo criativo, defronte da entrada da estrutura residencial para idosos. No quarto dia de trabalho, a obra já estava adiantada, com os contornos definidos e as primeiras pinceladas a dar cor ao muro cinzento. “Pintei a parede de branco, projetei o desenho com um vídeo projetor para fazer os contornos e estou a dar as primeiras bases de cor antes de começar os dégradés [sobreposição de cores para formar uma transição suave entre os tons]”, contou-nos em meados de setembro. 

Menos de quinze dias depois, a obra de cores garridas, com uma representação da padroeira da Misericórdia que estende o seu manto sobre os utentes das respostas sociais, estava concluída e a ser inaugurada pela irmandade e comunidade em peso. “Foram 10 dias muito intensos, com muito trabalho e superação. Se me dissessem que 5 meses depois de ser operado à coluna conseguiria fazer um mural com quase 50 metros não iria acreditar, mas na verdade, aqui está ele”, resumiu dias mais tarde, na sua página de Facebook. 

Da experiência guarda, sobretudo, o “sentimento de missão cumprida”, a interação com os idosos da estrutura residencial, que foram comentando e fazendo sugestões durante o processo criativo, e uma aprendizagem da iconografia das Misericórdias. “Superou todas as expetativas, a minha e a de quem acompanhou o trabalho”, revela em conversa com o VM. 

No âmbito das comemorações do 70º aniversário, a Santa Casa de Sobral de Monte Agraço tem ainda previsto o lançamento de uma obra sobre a história da instituição fundada em 1949.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas