Projeto de televisão regional ajuda a quebrar o isolamento imposto pela pandemia e também a promover uma identidade comum

O projeto comunicacional “Somos Misericórdia” inicia, agora, uma programação mais regular e alargada a todas as instituições do distrito de Coimbra. Há alguns meses, “a ideia das emissões televisivas surgiu no contexto da pandemia de Covid-19, que estamos a atravessar”, declara o presidente do Secretariado Regional de Coimbra (SRC) da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), estrutura que coordena o projeto.

Porque a propagação do novo coronavírus “condiciona a liberdade de estarmos com as outras Misericórdias, bem como a de partilharmos e de convivermos, testemunhando as experiências de cada um dos nossos parceiros, pensámos num modo de aproximar as pessoas”, alega António Sérgio Martins.

Como nos explica o presidente do SRC da UMP, o projeto “Somos Misericórdia” visa igualmente “quebrar o isolamento dos idosos”. Assim, embora no âmbito das restrições relacionadas com a Covid-19, “queremos partilhar estratégias e fazer a defesa conjunta daquelas que devem ser as oportunidades do distrito”, sublinha o também provedor da Misericórdia de Pampilhosa da Serra.

“Entendeu o Secretariado lançar esta ideia, que mais não é do que corporizar uma televisão interna, permitindo que cada Misericórdia, pelo menos, uma vez por mês, partilhe o seu dia-a-dia, divulgando coisas tão simples como uma missa ou uma sua qualquer festa, mesmo respeitando o confinamento”, justifica António Sérgio Martins.

“Fecharam-nos uma porta e nós abrimos uma janela”, destaca o presidente desta estrutura regional da UMP, adiantando: “Já que não podemos estar fisicamente ao pé uns dos outros, arranjámos esta forma de comunicação entre nós, para que as realidades de uns sejam compartilhadas e conhecidas por todos os outros. Para que o distrito de Coimbra assuma uma só voz”.

Ou seja, através deste projeto de comunicação televisiva reforça-se a definição de estratégia comum na defesa dos valores que as Misericórdias partilham entre si. Com um patrocínio num “valor superior a 50 mil euros”, que isenta as Misericórdias das despesas inerentes à aquisição de um equipamento para cada instituição (uma televisão, um computador e uma câmara de filmar, além de um suporte específico, com rodas), este projeto “unifica as ideias, engloba ações e simplifica objetivos”.

O presidente do SRC garante que, por esta via, serão divulgadas as atividades desenvolvidas em cada uma das Misericórdias, salientando a participação da própria comunidade. “O projeto é para ficar e, sobretudo, para consolidar. Esperamos que vá evoluindo, principalmente na sua qualidade”, observa António Sérgio Martins, admitindo que esse equipamento pode igualmente ser utilizado para videoconferências e para facilitar a comunicação interna das instituições, “num tempo de barreiras”.

“Tem havido algumas limitações de ordem técnica porque nem todas as instituições conseguiram um melhor acesso à internet, cuja conexão deve ser preferencialmente por fibra ótica”, reconhece o mesmo responsável, dando-nos conta da cobertura, em direto, da recente sessão comemorativa dos 520 anos da Misericórdia de Coimbra, entre outros eventos que têm sido divulgados na fase experimental deste canal de comunicação regional.

O dito projeto é um novo desafio para as Misericórdias, as quais tomam consciência da importância das novas tecnologias da informação, permitindo transpor contrariedades, como as que derivam da atual pandemia, além de facilitar o acesso aos utentes e às respetivas famílias, no que respeita à divulgação e ao conhecimento de múltiplas iniciativas.

“Os utentes manifestam uma enorme alegria por conseguirem assistir a estas coisas, particularmente quando se sentem confinados em determinado espaço físico e não podem sair dali”, confirma o presidente do Secretariado Regional de Coimbra da UMP, reforçando “o lado positivo deste projeto no estado emocional das pessoas”.

Voz das Misericórdias, Vitalino José Santos