Debater os desafios atuais das Misericórdias foi o mote para o encontro, em Amarante, das Santas Casas do distrito do Porto, no dia 7 de novembro. Na sessão também foram homenageadas Misericórdias e ex -provedores.

Sendo a sustentabilidade um dos grandes desafios, o primeiro painel juntou António Henriques Cruz, consultor financeiro da AEP Finance, e José Rabaça, vice-presidente da UMP.

Se, por um lado, é necessário “rentabilizar recursos e diversificar serviços”, por outro é imperativo “procurar receita fora dos acordos de cooperação”. Analisar necessidades e potencialidades e rentabilizar património foram caminhos apontados pelo consultor para “financiar despesa que não é elegível nem comparticipada”.

José Rabaça reconheceu os desafios e lamentou os constrangimentos na implementação de medidas de apoio ao setor. Segundo o vice-presidente da UMP, é necessária uma “lei de financiamento da cooperação para o setor social e solidário”, medida que acredita poder ser apresentada pelo atual governo em 2026.

A convenção também abordou as questões relacionadas com o envelhecimento da população. Por isso, a generalização das demências e o seu impacto nos lares de idosos foi o mote para a apresentação de Miguel Fernandes, enfermeiro e diretor da unidade de cuidados continuados da Misericórdia de Amarante. Com o aumento acentuado do envelhecimento, é fundamental assegurar qualidade de vida em todas as etapas e o caminho, para o técnico, pode passar pela “criação de unidades próprias para apoio à demência e especialização de técnicos no apoio domiciliário”.

Porque a demência é uma doença crónica, a prevenção e o tratamento precoce são essenciais quando se pretende “qualidade de vida”. Numa altura em que os lares apresentam percentagens elevadas de utentes com demência e doença mental, Manuel Caldas de Almeida, coordenador do Plano Nacional de Saúde para as Demências e provedor da Misericórdia de Mora, lembrou que é preciso quebrar o estigma do doente mental e olhar para o utente/doente como um todo. “As necessidades sociais e de saúde estão cada vez mais ligadas e não podem ser dissociadas”, assegurou.

No final, Manuel Moreira, presidente do Secretariado Regional do Porto da UMP, enalteceu a condução dos trabalhos e apelou à lei das finanças para o setor solidário. “Porque é isso que merecemos, queremos e esperamos”, concluiu.

Rosário Loureiro, diretora- -adjunta do Centro Distrital de Segurança Social do Porto, em representação do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, afirmou o compromisso de contar “com o trabalho incansável das Santas Casas para derrubar obstáculos e construir pontos de entendimento com o enfoque num propósito comum que são as pessoas”.

Voz das Misericórdias, Vera Campos