Em plena pandemia, o apoio aos familiares que assumem cuidados de pessoas dependentes, por motivo de doença ou envelhecimento natural, torna-se ainda mais relevante. Para acompanhar esta reflexão, recolhemos testemunhos de quatro cuidadores que são apoiados pelos serviços das Misericórdias de Lousada, Almada, Marco de Canaveses e Vagos.

Fernanda Serafim
Lousada

Fernanda Serafim, 60 anos, é a principal cuidadora do marido, diagnosticado em 2011 com uma demência frontotemporal. “Foi um balde de água fria, é uma doença sem cura”. Hoje, o companheiro tem 80% de incapacidade e está dependente de si para quase tudo. Mas Fernanda continua firme na sua missão. Assume-se como uma “mulher guerreira”, fiel aos seus compromissos. “Sou quase médica e enfermeira dele, não sei onde vou buscar tanta força”. Confessa, no entanto, que há dias em que a paciência se esgota. Quando isso acontece, socorre-se do apoio da Misericórdia de Lousada. “É uma lufada de ar fresco”. Os dois filhos moram perto, mas com a pandemia as visitas tornaram-se mais esporádicas. No dia-a-dia, a sua companhia são os cães e gatos, que a seguem para todo o lado. Depois de ser mãe, revela que a melhor coisa da vida é ser avó: “é ser mãe duas vezes”. Este ano o Natal vai ser diferente. A família não se vai juntar na sua casa como habitualmente. Mas já sabe qual a prenda que vai oferecer ao neto mais velho: um “popó de polícia”, como lhe pediu. Para suportar a exigência do desafio atual, vai continuar a fazer o que sempre fez: “viver um dia de cada vez, só assim consigo levar o barco”.

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Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas