Em plena pandemia, o apoio aos familiares que assumem cuidados de pessoas dependentes, por motivo de doença ou envelhecimento natural, torna-se ainda mais relevante. Para acompanhar esta reflexão, recolhemos testemunhos de quatro cuidadores que são apoiados pelos serviços das Misericórdias de Lousada, Almada, Marco de Canaveses e Vagos.

Inês Guerreiro
Almada
Inês Guerreiro, 49 anos, reparte com a irmã a responsabilidade de cuidar da mãe com demência. Não sendo fulminante, a doença domina gradualmente a vida desta família. “É uma maratona de longa distância, que já dura há nove, dez anos”. A progenitora, com quem partilha o dia de nascimento, foi professora de português, “muito adorada pelos alunos”. Nos últimos anos, passou a residir na casa da irmã, onde dispõe do apoio de uma cuidadora formal. Com a pandemia, acordaram uma mudança temporária, para casa de Inês, com o objetivo de proteger a mãe. Mas nada correu como planeado. As novas rotinas e espaços geraram apatia e desorientação, além de um tremendo desgaste para os restantes familiares. “Assumimos o compromisso de a proteger, mas parecia que era em vão o nosso esforço, para lá de qualquer limite”. A mãe regressou para casa da irmã, mas deixou um rasto de desalento. “Senti que precisava de mais apoio e encontrei o Gabinete Cuidar Melhor para lidar com esta experiência traumática”. As consultas de psicologia ajudaram a compreender melhor a doença, a encontrar soluções concretas para problemas do dia-a-dia e a sarar a relação entre ambas. “Sentia-me desesperada e de repente senti esperança, percebi que havia pessoas a quem podia recorrer para aprender a cuidar melhor e recomeçar”.

Ler reportagem "Famílias | Recomeçar do zero e aprender a cuidar" na íntegra aqui.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas