Decorreu, no passado dia 3 de janeiro, a sessão solene de tomada de posse dos novos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Tomar para o quadriénio 2023/2026, momento que contou com a presença do bispo de Santarém, D. José Traquina, e que ficou marcado pela homenagem a Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), que recebeu a distinção de Irmão Honorário.

Na ocasião, o provedor da Misericórdia de Tomar, António Alexandre, referiu que a instituição continua empenhada em aumentar o número de camas no lar e na unidade de cuidados continuados, procurando encontrar soluções para resolver o problema relacionado com o terreno que Luís Alvelos pretende doar a esta instituição e para onde está pensado o Complexo Social e de Saúde.

A ser concretizado, este projeto permitirá a construção de uma unidade de cuidados continuados para 120 camas, ter um lar para 100 camas e um centro de dia para mais 40 pessoas. Em termos práticos isto significa duplicar, em poucos anos, quer o número de utentes quer o de trabalhadores – são agora cerca de 150 –, o que é importante para uma região que, como muitas no país, necessita de criar emprego e fixar a população.

Este que é um “projeto viável e ambicioso”, nas palavras de António Alexandre, para o qual existe terreno resultante de uma doação, o apoio da Câmara e condições técnicas e financeiras – é elegível a uma candidatura aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência – só está a sofrer pela demora. O processo já se arrasta há mais de um ano e o receio do provedor é que se perca esta janela de oportunidade para a criação de um novo equipamento social de que há necessidade em Tomar.

“O futuro passa, assim, por a Misericórdia crescer em serviços que são necessários para a comunidade e, nas áreas em que temos tradição, podemos dar essa resposta”, afirmou, concluindo: “O nosso foco é manter as contas certas e organizadas, crescer em serviços à população e, também, em número de empregos que tão necessários são no concelho”.

A sessão contou ainda com um momento de homenagem a Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), que recebeu a distinção de Irmão Honorário.

Para o provedor, Manuel de Lemos é uma das pessoas que mais tem trabalhado, “efetivamente e diariamente” nos últimos anos, para que as Misericórdias e as IPSS “tenham melhores condições para prestar serviços de qualidade aos que mais necessitam e de dar mais e melhores condições aos seus colaboradores”.

António Alexandre destacou ainda o papel fundamental que o dirigente da UMP tem tido na divulgação dos valores fundadores das Misericórdias, “que se mantêm atuais neste século”.

Lembrando que, por todo o país, as Misericórdias têm desenvolvido “inúmeros projetos de inovação social e contribuído para a valorização da cultura local e coesão territorial”, António Alexandre afirmou que esta distinção “é o reconhecimento de que o empenho de Manuel de Lemos deu um enorme contributo na melhoria da Misericórdia de Tomar, mas igualmente em todas as outras, sendo presença permanente na comunicação social e nos mais variados fóruns em Portugal, Brasil e Europa”.

“A sua ação tem prestigiado as Misericórdias, contribuído positivamente para os valores praticados por estas instituições, não só nas suas várias dimensões, mas também na preservação da história, património, sustentabilidade, modernidade e valores fundadores”, resumiu.

"Obrigado pelo seu empenho nesta nossa causa das Misericórdias ao serviço dos que mais necessitam, sendo o compromisso de cooperação do setor social e solidário um valioso instrumento em constante aperfeiçoamento com o seu empenho e arte, com o seu diálogo permanente e fundamentado com os sucessivos governos", concluiu o provedor. Manuel de Lemos é, agora, Irmão Honorário da Santa Casa da Misericórdia de Tomar, um estatuto que fez questão de agradecer e de “honrar até final dos seus dias”, disse, emocionado, na altura da distinção.

“Entendo esta distinção, que me honra e me toca profundamente, como uma homenagem a todos os que diretamente trabalham comigo, mas também ao movimento das Misericórdias. É o reconhecimento de que nós não somos uma ONG ou uma associação de bem-estar. Somos Misericórdia e esse é um sentimento que deixa uma marca nas nossas vidas”, disse.

Lembrando que os tempos que vivemos e os que se avizinham “não serão fáceis”, Manuel de Lemos lembrou que as Misericórdias têm desenvolvido as políticas sociais do Estado de uma forma rigorosa e competente, tanto que são as próprias comunidades que reconhecem isso mesmo e que pedem que estas instituições continuem a desenvolver esse trabalho.

Na sua intervenção, o presidente da UMP elogiou também o apoio que a Misericórdia tem dado à população de Tomar, relevando, em particular, a ação do seu provedor, “um homem com uma disponibilidade tremenda para servir a sua comunidade”.

Também Anabela Freitas, presidente da Câmara de Tomar, presente nesta cerimónia, recuou ao primeiro mandato de António Alexandre enquanto provedor para destacar o trabalho realizado, em especial na fase de pandemia e na resposta à crise dos refugiados da guerra da Ucrânia, afirmando que a Santa Casa “nunca respondeu que não” nem nunca deixou de responder aos desafios.

A sessão acolheu convidados de diversas instituições no salão nobre da Misericórdia de Tomar, tendo iniciado com as boas vindas pelo presidente da assembleia-geral, António Cândido Madureira, em nome do bispo de Santarém, agradecendo a todos os que marcaram presença neste ato de investidura dos novos órgãos sociais da Santa Casa.

Fundada em 1510, a Misericórdia de Tomar oferece várias valências como o Lar Nossa Senhora da Graça, a unidade de cuidados continuados de longa duração e manutenção, o centro de dia e o serviço de apoio domiciliário. Ao todo, a Misericórdia presta apoio diário a cerca de 250 utentes. Ao nível da oferta destacam-se ainda as residências assistidas destinadas a idosos com mais autonomia e a farmácia.

Voz das Misericórdias, Filipe Mendes