A Santa Casa da Misericórdia da Trofa entrou em 2025 reapresentando-se à comunidade trofense ao promover uma exposição fotográfica com o título ‘Olhares sobre a Misericórdia’, na Casa da Cultura da Trofa. A mostra tem várias fotografias captadas por Hélder Couto e esteve aberta ao público no espaço da Câmara Municipal da Trofa entre os dias 4 e 25 de janeiro.

O convite ao fotógrafo para retratar o dia a dia de trabalhadores e utentes surgiu no âmbito do 25º aniversário da Misericórdia, celebrado em 2024. A diretora delegada e vice-provedora da instituição, Zélia Reis, conta como desafiaram “dois artistas, cada um da sua área, a retratar o que pensavam ser a Misericórdia da Trofa”.

Além de Avelino Leite, que “fez o marco histórico comemorativo” do aniversário da Santa Casa, a instituição convidou Hélder Couto para explorar as valências da Misericórdia de máquina fotográfica em punho para, nas palavras do mesmo, “mostrar o que se faz” e “retratar para quem não está lá perceber o que acontece ali dentro”.

No decorrer do trabalho, o fotógrafo ficou a conhecer de perto as diferentes realidades em que a Misericórdia atua, tanto nas residências para idosos como no serviço ao domicílio e nas creches. Ao VM, Hélder Couto refere que lhe “deram total liberdade para trabalhar; só quando entrava na cozinha é que tinha de colocar uma touca.” Além disso, como noutros trabalhos fotográficos, o essencial “passa muito por entrar em conversa com as pessoas” para que se sintam à vontade nos momentos captados.

Ao fim desses dias em que Hélder se associou às equipas da Misericórdia, sentiu a certa altura “que se podia fazer algo mais”. Influenciado pelo ambiente em volta e pelas suas origens, decidiu avançar para “uma sessão de retratos” clássicos, “como se fazia na altura” dos mais idosos que fotografou, quando o avô de Hélder era fotógrafo na Trofa. Assim, o resultado final captura retratos de pessoas sozinhas e acompanhadas, em momentos de brincadeira e de cuidado, espelhando a multiplicidade da Santa Casa.

A partir da vontade de “mudar a perceção e mostrar que se pode ser feliz numa instituição”, “a ideia era mesmo divulgar” as fotografias com a comunidade, como diz Zélia Reis. A Misericórdia procurou “dar a conhecer o que faz” envolvendo “a comunidade e o artista”, num trabalho que Hélder apelida de “brutal”: “Fazer isto pelas pessoas e dar dignidade deve ser enaltecido”.

Recorde-se que a Misericórdia da Trofa, no distrito do Porto, está entre as mais jovens do país. A sua fundação teve lugar em 1999, com a tomada de posse dos primeiros órgãos sociais.

Voz das Misericórdias, Duarte Ferreira