A Misericórdia de Abrantes inaugurou o património recuperado, após as obras de reabilitação, da Igreja e da Sala de Definitório

Integrado na celebração do dia da irmandade, a Santa Casa da Misericórdia de Abrantes inaugurou, na manhã de domingo, 30 de setembro, o património recuperado, após as obras de reabilitação, da Igreja e da Sala de Definitório, intervenção que foi apoiada pela Câmara Municipal de Abrantes e pelo Fundo Rainha Dona Leonor, da responsabilidade da Santa Casa de Lisboa em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas (UMP).

Na cerimónia, o vereador da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Valamatos, sublinhou a grande relevância cultural, patrimonial e histórica deste equipamento para o concelho, enquadrada na “visão integradora” da estratégica municipal de criação de uma nova rede polinuclear de equipamentos culturais, associada à valorização do edificado, do turismo cultural e de reabilitação do património religioso. 
Opinião semelhante foi manifestada pela presidente da autarquia, Maria do Céu Albuquerque, que realçou o "trabalho excelente” que os responsáveis daquela instituição têm vindo a fazer, sublinhando “que a Misericórdia merecia e a comunidade também” a devolução deste património à fruição da população. Para a autarca é importante disponibilizar ao público para promoção turística do concelho, da região e do país, "uma das grandes obras das misericórdias portuguesas".

Ao Voz das Misericórdias, o provedor Alberto Margarido salientou a importância desta obra se juntar ao roteiro de outras, dando como exemplo igrejas e museus recentemente remodelados ou ainda em obra, de modo a que se “possam criar polos atrativos que tragam novos visitantes”.

Esta ideia de promoção do património das Misericórdias através de roteiros turísticos foi igualmente destacada por Carla Pereira, vogal do Secretariado Nacional da UMP. Lembrando que as Santas Casas são detentoras de 82 espaços museológicos e cerca de 1000 imóveis classificados como de interesse arquitetónico, a responsável afirmou que o património cultural faz das Misericórdias “agentes fundamentais para a transmissão de saberes geração após geração”.

Além disso, “pode representar desenvolvimento local” através da criação de empregos e também “atrair turismo e incrementar outras atividades locais”.

Para além dos trabalhos de recuperação dos espaços emblemáticos, sublinha-se a relocalização dos seis quadros que formavam o antigo retábulo quinhentista representando em pintura diferentes episódios da vida da Virgem e de Cristo e atribuídos ao Mestre de Abrantes. Os quadros estavam dispersos, mas agora podem ser observados em conjunto na parede do lado direito da entrada principal.

“Esta aposta no património é muito importante porque é um elemento muito agregador com os nossos utentes pois são pessoas idosas e que tiveram uma educação sempre ligada à religião católica”, fez notar Alberto Margarido.

O provedor adiantou ainda que a Misericórdia vai estabelecer um protocolo com a Câmara Municipal que prevê a visitação organizada de todos os espaços intervencionados.

Inês Dentinho, do Fundo Rainha Dona Leonor, realçou o trabalho “notável” assumido pela empresa de restauro responsável, destacando a reunião dos retábulos, que estavam distribuídos e onde foi realizada uma pesquisa junto de “várias pessoas do Museu da Arte Antiga sobre a ordem que o retábulo deveria de ter, que foi confirmada e o resultado está magnífico”.

“O senhor provedor fez história ao voltar a reunir as tábuas 200 anos depois. Se não fosse a sua perseverança, não estávamos agora perante este espetáculo e sim perante uns “arranjinhos” e não era isso que se pretendia”, vincou.

A cerimónia foi ainda marcada pelo descerramento da fotografia de uma irmã benfeitora da Misericórdia de Abrantes, Delfina Rebeca, e pela entrega de lembranças aos irmãos que celebraram 25 anos na Irmandade.

Voz das Misericórdias, Filipe Mendes