O projeto de Arte Contemporânea nas Misericórdias, numa parceria entre a UMP e a Cooperativa Árvore, tem permitido conhecer novas interpretações da simbologia mais identitária destas instituições.

Com início na representação de Nossa Senhora das Misericórdias, ao que se seguiram anualmente duas obras de misericórdia, uma corporal e outra espiritual, o projeto de produção artística permitiu o regresso das Misericórdias à sua tradição de valorização da arte e especialmente da pintura.

Em 2020, em que promovemos a quarta fase deste projeto, tivemos, por uma coincidência simbólica a abordagem das obras de misericórdia “cuidar dos enfermos” (corporal) e “consolar os tristes” (espiritual), o que, numa conjugação de circunstâncias, nos permite, de forma muito oportuna, homenagear todos os que estiveram e ainda estão envolvidos na resposta à pandemia de Covid-19.

Ao apreciarmos as belíssimas telas produzidas a partir destes dois temas, podemos resumir o esforço dos que, por um lado, estão a lutar contra esta doença e dos que, por outro, tentam obviar as suas consequências de isolamento e solidão.

Identificamos como denominador comum a representação dos afetos e do cuidar, muito simbolicamente representados pelas mãos que cuidam e pelos braços que consolam.

Porque a arte nos desafia a um exercício de reflexão seria oportuno que, ao olharmos estas telas, pudéssemos interpretar as representações, valorizar a obra e interiorizar a mensagem de cada tema. Com isso, cada um poderá prestar um serviço de proximidade, dando o melhor de si para aliviar sofrimentos e consolar tristezas.

Numa equação de grande humanismo, tão atual nos nossos dias como há quinhentos anos, importa estarmos atentos a quem está mais fragilizado e triste para garantirmos o indispensável conforto físico e espiritual. Isso é a atualidade das Misericórdias.

Voz das Misericórdias