Misericórdia de Coimbra lançou uma aplicação que assegura autonomia e enquadramento histórico e cultural àqueles que visitam o museu.

O museu da Misericórdia de Coimbra dispõe de uma nova ferramenta tecnológica que permite aumentar a interação dos visitantes com as obras e coleções do espaço. A plataforma e-museum, aplicação móvel disponível em quatro línguas (português, inglês, francês e castelhano), está disponível desde o dia 18 de maio, data em que foi assinalado o Dia Internacional dos Museus – “Museus hiperconectados: novas abordagens, novos públicos”. 

As sinergias locais estão na génese deste projeto que alia acessibilidade, promoção turística e valorização do património. A parceria, iniciada em dezembro de 2017 com uma empresa especializada em tecnologias de informação, permitiu adaptar o projeto final de licenciatura de José Tomé – atual responsável pela Dropmind – às especificidades do espaço museológico. 

“Os visitantes, sobretudo estrangeiros, têm dificuldade em perceber a natureza das Misericórdias e o alcance da nossa atividade e acham fabuloso encontrar esta funcionalidade num pequeno museu, que não está propriamente na rota turística da cidade”, explicou o historiador responsável pelo museu, Raul de Moura Mendes. 

Maximizar a experiência do visitante, que desta forma se pode deslocar livremente no espaço físico do museu, munido do enquadramento histórico e cultural necessário, é um dos grandes objetivos do projeto. Mas não o único. A aposta na acessibilidade é outra marca distintiva, conforme referiu o provedor José Manuel Vieira, no lançamento da plataforma. “A meta a que nos propomos é permitir o acesso da cultura e do património a todos sem exceção, garantindo que ninguém é posto de parte, permitindo ao mesmo tempo visitas quase 100% autónomas”.

De acesso rápido e gratuito, esta solução tecnológica disponibiliza informação sobre o acervo do museu (salas, coleções e peças em exposição), através de leitura ótica de QR Codes (código de barras bidimensional), reconhecimento de voz ou reconhecimento de texto. 

A versão para invisuais está neste momento a ser aperfeiçoada com a colaboração de um funcionário da instituição, também ele invisual, que segundo o diretor do museu “vai ser um bom consultor na área museológica”. Além das sugestões de melhoria, Joaquim Ribeiro vai acompanhar a elaboração de textos de sala em braille e a implementação de visitas táteis recorrendo a modelos tridimensionais das peças. 

Segundo o responsável pelo desenvolvimento da aplicação móvel, outra das vantagens do e-museum é a facilidade de atualização dos conteúdos. “Cada espaço tem autonomia para adaptar e gerir toda a informação. Podem adicionar percursos de visita, perguntas ao jogo interativo e novas obras em caso de exposições temporárias”, explica José Tomé. 

Até ao momento, o museu da Misericórdia de Coimbra introduziu informação relativa a 20 peças de ourivesaria, escultura, paramentaria e pintura, mas brevemente vai também ter novidades sobre património azulejar e os benfeitores da instituição (entre os séculos XVI e XX). 

O espaço museológico da Misericórdia de Coimbra abriu portas ao público em 2000, por ocasião das comemorações dos quinhentos anos da sua fundação, e funciona no antigo Colégio da Sapiência, dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, doado à instituição após extinção das ordens religiosas.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas