“Esperamos que, a partir de Janeiro, aqui passe a haver regularmente manifestações de ordem religiosa e cultural”, disse o provedor cessante da Misericórdia de Coimbra, Armando Porto, a propósito das obras de restauro da capela, que esteve fechada ao culto durante muito tempo.

“A capela tem um órgão lindíssimo e a nossa proposta é que haja um pequeno concerto, seguido da missa semanal, aos sábados à tarde”, declarou no final da cerimónia comemorativa dos 516 anos, realizada a 12 de Novembro. O ainda provedor da Misericórdia de Coimbra deixaria o cargo nessa mesma tarde, após a eleição dos corpos sociais referente ao quadriénio de 2017-2020, agora assumido por José Vieira, que era vice-provedor. Os restantes membros mantêm-se na equipa que vai gerir o futuro próximo da instituição.

O anterior provedor notou – também à margem da cerimónia do 516.º aniversário, na qual foi apresentada a edição fac-similada do Compromisso original da Irmandade (datado de 12 de Setembro de 1500) – que os seus mandatos foram balizados pela reabilitação da capela da Misericórdia, sobretudo com as obras de restauro de toda a “parte visível” do templo, incluindo os tetos trabalhados a gesso, as quais puderam ser feitas, por administração direta, graças a “um benemérito que ofereceu uma quantia bastante grande” (50 mil euros), mitigando os custos totais.

“Os homens passam, mas as instituições ficam”, sublinhava Armando Porto, na sessão solene no Salão Nobre da Misericórdia, onde foram homenageados os colaboradores com 25 anos ou mais de serviço, “a confortar os mais carenciados”. Na sua breve alocução, salientou que uma organização como a Misericórdia de Coimbra tem, igualmente, “de assentar em património imóvel que sirva de base às diversificadas valências que a integram”. No entanto, “em dia festivo, não é desejável recordar dificuldades não aclamadas ao longo destes seis anos, apesar das muitas diligências efetuadas para o manter em estado de conservação condigno”.

Presente naquela sessão, o vice-presidente da UMP, Carlos Andrade, enfatizou o espírito dos atuais irmãos, prosseguindo “o mesmo sentido e os mesmos objetivos” do conjunto de pessoas que, em 1500 e “a pedido do rei” D. Manuel, “decidiram criar a Misericórdia de Coimbra”. “Esta capacidade de congregar gente de bem, tantos anos depois e de forma permanente, é extraordinária!”, exclamou, admitindo constituir “uma marca das Misericórdias”.

 

Reportagem disponível na íntegra na edição de novembro do “Voz das Misericórdias”.