O património cultural é um fator de diferenciação turística e valorização territorial que importa preservar através da requalificação, inventariação e dinamização junto de novos públicos, constituindo-se ainda como importante recurso e fonte de financiamento alternativa.

A ideia foi defendida na sessão temática dedicada ao “Turismo e Património nas Misericórdias”, no dia 8 de fevereiro, com a participação de Rui André, vice-provedor da Misericórdia de Monchique, Francisco Serra, presidente da CCDR Algarve, Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé, e Miguel Magalhães Duarte, secretário geral do Millennium BCP.

Antes de dar palavra aos oradores convidados, o moderador e presidente da Câmara Municipal de Monchique destacou o trabalho desenvolvido pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP) ao nível da inventariação e recenseamento da realidade patrimonial das associadas. “A UMP tem trabalhado de forma incansável no levantamento do património móvel, imóvel, arquivístico e imaterial. Este inventário é uma garantia de segurança para os espólios, com a devida contextualização local, porque permite fazer prova da sua propriedade”.

Depois de salvaguardada essa herança cultural, através da requalificação e inventariação, “é importante que o património seja vivido através da abertura destes espaços e da capacitação e formação dos técnicos e responsáveis das instituições”. 

Para o administrador do Grupo Vila Galé, Gonçalo Ribeiro de Almeida, a vivência desse património é enriquecida quando há “histórias para contar” sobre os detalhes arquitetónicos e protagonistas desses lugares. O património histórico é um “fator de inovação e diferenciação essencial num universo competitivo” e por essa razão o grupo hoteleiro quer dar continuidade ao investimento iniciado nesta área, replicando o modelo iniciado com a Misericórdia de Braga para reconversão do antigo hospital de São Marcos num hotel (Vila Galé Collection Braga).

Focado numa estratégia de desenvolvimento sustentável para a região, assente na conservação de recursos, inovação e equilíbrio demográfico, o presidente da CCDR Algarve desafiou ainda os dirigentes das instituições presentes a aproveitar o “potencial do património” enquanto fonte de financiamento, no âmbito do próximo quadro comunitário (Algarve 2030). “O património das Misericórdias é um recurso com potencial que pode ser aproveitado, seja do lado da oferta [requalificação de imoveis para turismo] seja do lado da procura, organizando viagens de turismo social”, referiu Francisco Serra.

Para finalizar a sessão, o secretário geral do Millennium BCP, Miguel Magalhães Duarte, apresentou um conjunto de soluções de financiamento disponíveis para “valorização deste ativo”, onde se incluem o IFFRU 2020, Linha de Apoio à Qualificação da Oferta 2018, Linha Capitalizar 2018, Linha Millennium FEI Inovação e Linha Capitalizar Turismo (a disponibilizar brevemente). 

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas