A Misericórdia da Ericeira conclui, nos próximos meses, as intervenções de restauro dos pendões guardados no museu, no âmbito de uma campanha de beneficiação, conservação e restauro da igreja, financiada pelo Fundo Rainha Dona Leonor (FRDL).

 A empreitada iniciada em 2016, com verbas angariadas em concertos de verão e outras iniciativas, vai ser concluída no final do verão de 2019, com o apoio do fundo criado pela Misericórdia de Lisboa e União das Misericórdias.

A coleção alvo de restauro é constituída por oito estandartes processionais, representando a Paixão de Cristo, duas telas da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e a bandeira régia da Misericórdia da Ericeira. Segundo o provedor João Henriques Gil, que tem acompanhado de perto o trabalho desenvolvido pela conservadora Madalena Mendes de Almeida, as “telas estão a ficar magníficas e vão ser expostas como peças de museu no coro-alto da igreja”.

A última vez que as telas saíram à rua em procissão, nas celebrações da Semana Santa, foi na década de 1950, possivelmente na quinta-feira de Endoenças. De futuro, para evitar que sejam novamente alvo de desgaste, o provedor adianta que serão produzidas “reproduções de qualidade” para utilizar nestes momentos solenes da vida da instituição.

Desconhece-se, para já, a autoria das bandeiras e pendões da Misericórdia da Ericeira. Sabe-se que datam “quase todas” do século XVIII e que foram alvo de restauro em 1937, graças a uma descoberta recente, no decorrer dos trabalhos. “Apareceu um papelinho dentro de uma das obras”, revela João Henriques Gil.

O provedor e a restante mesa administrativa já contam os dias para a inauguração da igreja recuperada, prevista para os meses de setembro ou outubro, para poder apreciar o esplendor original do património da instituição. As comemorações desse momento alto na história da instituição vão ser assinalados com a publicação de um livro sobre o restauro das obras, acompanhado de uma retrospetiva histórica dos últimos três séculos, e com uma conferência proferida pelo historiador de arte Vítor Serrão. Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas