A Santa Casa da Misericórdia de Monforte celebrou recentemente um protocolo de colaboração com a Câmara Municipal de Monforte que visa a preservação e salvaguarda do arquivo documental da instituição, bem como a sua disponibilização ao público, para que possa ser utilizado na produção e divulgação de estudos monográficos e arquivísticos.

Com esta colaboração com a autarquia monfortense, a instituição irá depositar toda a documentação existente nos fundos arquivísticos antigos da Misericórdia de Monforte no Arquivo Histórico Municipal, juntamente com a documentação que pertencia à extinta Santa Casa da Misericórdia de Assumar, conseguindo desta forma que toda esta informação seja devidamente tratada e preservada pelos técnicos especializados da Câmara.

O provedor, Joaquim Mourato, explica que, quando em fevereiro tomou posse, a Mesa Administrativa definiu como essencial fazer este trabalho de preservação e salvaguarda do arquivo da Santa Casa, por “considerarmos que é muito importante esta componente cultural e identitária da instituição e por querermos conhecer o que foi o seu passado e o seu percurso ao longo dos anos”, constata.

Apesar de a documentação existente estar organizada, resultado “de um trabalho extraordinário feito na década de 80, pelo monfortense e irmão António Cunha, que fez um arrolamento de todos os documentos que não estavam minimamente organizados, e que, certamente, foi crucial para que não se perdesse mais documentação”, como faz questão de realçar o provedor, a mesma não estava devidamente acondicionada.

“Demos conta de que a documentação estava organizada num espaço que não tem as condições adequadas para este tipo de documentos. Temos alguns documentos, e alguns dos quais muito antigos, que se estavam a deteriorar e corríamos o risco de se perder essa informação. São documentos com informações muito relevantes, com centenas de anos e são registos muito importantes para a identidade e história da instituição”, explica Joaquim Mourato, denotando que a melhor forma de preservar este arquivo seria recorrer aos meios técnicos que “a instituição não dispõe, mas que a Câmara de Monforte tem, nomeadamente os técnicos adequados e um espaço preparado e com todas as condições para acomodar e tratar este tipo de documentos e informação. Por isso, resolvemos estabelecer este protocolo, em que a Câmara não só guarda como trata e preserva e é isso que já está a acontecer”, avança.

De acordo com o provedor, “os documentos já estão, um a um, a ser preparados e desinfetados, para que não tenham qualquer contaminação e não sofram mais degradação, e aqueles que já estavam num estado adiantado de degradação são fotografados e o seu conteúdo preservado e salvaguardado”, descreve, congratulando-se por ver concretizado o primeiro objetivo da Mesa Administrativa.

O próximo passo, continua o provedor, passa por “ter toda essa informação tratada, catalogada e acessível ao público, para trabalhos, para estudos, em suma, para que sirva exatamente para se conhecer melhor a identidade e o percurso da Santa Casa de Monforte, que é, muito provavelmente, a instituição mais antiga do concelho de Monforte e por isso temos todo o interesse em saber mais sobre o seu passado”, afirma.

Joaquim Mourato revela ainda que a Mesa Administrativa pretende constituir um centro museológico para o qual “será preponderante todo o conhecimento da história da instituição que consigamos obter”. Criar um espaço desta natureza passa também por “fazer a constituição possível da sua identidade, das pessoas, das personalidades envolvidas, da sua missão, ou seja, de todo o percurso e de toda a ação. E tudo isso é informação que nós vamos procurar encontrar nestes documentos e que serão a base para o centro museológico”, esclarece.

Relativamente à documentação da Santa Casa da Misericórdia de Assumar, já extinta, esta transitou para a guarda da Misericórdia de Monforte em 1959, como recorda o provedor, justificando que “fazia todo o sentido incluir esta documentação no protocolo, para que toda a informação contida nestes arquivos possa também ser preservada e salvaguardada”. Em jeito de exemplo, Joaquim Mourato refere uma dissertação de mestrado com base nessa documentação, pelo que “já temos alguma informação organizada e tratada a esse respeito”.

Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão