O lançamento do livro de fotografia ‘Missão’, da autoria de José Artur Macedo, foi um dos pontos altos das comemorações dos 450 anos da Misericórdia de Mora. A obra, de grande sensibilidade visual, retrata o quotidiano da instituição e o espírito de serviço que continua a inspirar a sua ação.

“Em vez de descrever por palavras o que é o dia a dia da Misericórdia, está tudo em fotografias”, explicou o provedor, Manuel Caldas de Almeida, durante a apresentação. “São imagens muito bonitas, que captam o que é hoje trabalhar na Misericórdia: a fé, a dedicação e o carinho das pessoas que estão todos os dias ao serviço dos outros.”

Para o provedor, ‘Missão’ é também um tributo aos trabalhadores da instituição. “São eles que, todos os dias, mudam fraldas, dão comida, prestam cuidados com dedicação e ternura. Nós, irmãos, temos uma obrigação moral de fazer o bem, mas para eles é o emprego e, mesmo assim, fazem-no com uma entrega que os torna, de espírito, irmãos da Misericórdia.”

Discreto nas palavras, o autor deixou falar as imagens. “É muito mais fácil para mim expressar-me através das fotografias do que das palavras. Só posso dizer obrigado. Obrigado por me deixarem fazer este trabalho e poder partilhá-lo convosco. Continuo a acreditar que a fotografia pode transmitir valores e humanidade”, afirmou José Artur Macedo, cuja obra teve a coordenação de Susana Paiva.

As comemorações ficaram também marcadas pela reedição do livro ‘A Santa Casa da Misericórdia de Mora’, publicado em 1964 pelo notário e historiador amador Lopes Correia. Esta reedição recorda o caminho percorrido: uma viagem às origens da instituição e à memória de quem a serviu.

A apresentação esteve a cargo do historiador José Calado, que sublinhou o valor documental e afetivo da obra, “ainda hoje uma das mais completas publicações sobre a história local”, referiu ao VM.

Para José Calado, reeditar este livro é mais do que um gesto de preservação: “Lopes Correia quis deixar um legado à comunidade que o acolheu. Esta reedição dá continuidade a essa vontade de preservar a memória e inspirar as gerações futuras a fazer o bem.”

Uma mensagem também sublinhada no encerramento das celebrações por Miguel Raimundo, em representação da União das Misericórdias Portuguesas, que destacou a importância da data. O responsável salientou ainda o papel essencial da missão destas instituições, “concretizando respostas sociais nas áreas dos cuidados continuados, hospitais, creches, escolas ou casas abrigo. São os nossos funcionários e utentes que justificam esta ação, no fundo, o verdadeiro pulsar destas instituições.”

Voz das Misericórdias, Rosário Silva