Proença-a-Nova | Evocar lenda histórica para manter viva memória local

De regresso à vila natal, o estudioso, conhecido por Aristóteles Português, ofereceu a relíquia ao provedor da Misericórdia, que o colocou para devoção dos fiéis na capela construída em 1557, num terreno doado por Pedro da Fonseca. O Santo Lenho tornou-se então num símbolo de culto e fé, ao qual a população pedia proteção em situações de intempéries, secas, pragas e outras doenças, sendo hoje exposto na capela da Misericórdia, no dia 3 de maio, para devoção dos fiéis e admiração dos mais curiosos. Noutros tempos, o pedaço de madeira esteve também exposto pelo Natal e na data da eleição dos oficiais da irmandade, a 2 de julho. 

Segundo o atual provedor da Santa Casa, José Pereira Bairrada, ainda hoje “Pedro da Fonseca é um filosofo muito importante para a comunidade, sendo alvo de muitos estudos”. A relíquia trazida de Roma é por isso “guardada religiosamente e exposta apenas em dias de festa, à semelhança de outros tempos, em que vinham peregrinos de concelhos vizinhos vê-la”.

A mesa administrativa decidiu por isso associar-se à autarquia na organização da iniciativa inserida no projeto “Beira Baixa Cultural”, promovido pela Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa.

O programa de comemorações, em 2019, foi variado e atraiu público de todas as idades incluindo uma eucaristia animada pelo grupo coral da Santa Casa, um concerto do coro de Proença-a-Nova, dirigido pelo maestro albicastrense Carlos Gama, e uma conferência sobre Pedro da Fonseca, na capela da Misericórdia. As restantes animações de rua, da responsabilidade do Grupo de Teatro Vaátão, aconteceram num largo próximo da igreja.

Brevemente, o edifício que acolheu parte das festividades vai ser alvo de requalificação com o objetivo de criar um espaço museológico para dar a conhecer o património da instituição. Até lá, o provedor pretende classificar a capela como imóvel de interesse municipal.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas

Foto | CM de Proença-a-Nova